Cinema

FILMES SÉRIES 
E TRAILERS

CHICKEN LITTLE 


Esta fábula genial do Walt Disney retrata muito bem o nosso atual cenário político.


Quando os USA estavam sob a pressão da Segunda Guerra Mundial, em 1943, Walt Disney criou este desenho animado para que o povo pudesse entender a oposição oportunista.


Percebam que este cenário sempre se fez presente na história da humanidade. Onde políticos mal intencionados sempre se utilizaram de algum otário, que são facilmente enganados, para confundir os imbecis; que são dotados de ignorância e arrogância, para conquistar os idiotas; que são os patetas e os parvos que vivem fechados dentro de si e que precisam de uma "inteligência" , para serem liderados.


Pois, como já dizia Nelson Rodrigues: " Toda unanimidade é burra.
Mas, por outro lado também já dizia
René Descartes; " Penso, logo existo"

 

Produtora de Steven Spielberg e Netflix fecham parceria


Produtora de Steven Spielberg assina com Netflix para produzir filmes na plataforma


21/06/2021


A Netflix e a Amblin Partners; produtora de Steven Spielberg, fecharam um acordo para a produção de filmes.


Há algum tempo, questionado sobre o mercado de streaming, Steven Spielberg descartou a possibilidade de trabalhar com essa plataformas, até perceber o seguimento do momento e mudar de ideia.


A Amblin Partners deve produzir, pelo menos, dois longas por ano para a Netflix.  O contrato não tem data de duração, mas o acordo prevê que alguns filmes podem ser feitos para o cinema. É preciso só avaliar caso a caso. A Netflix também ficou responsável por financiar alguns longas que devem ser dirigidos por Spielberg.

Atualmente, a Amblin Partners possui contrato também com a Universal Pictures, que continuará distribuindo os filmes de Spielberg no cinema. Ao que tudo indica os dois contratos seguirão paralelamente , onde a Universal contemplará os cinemas, e a Netflix valendo apenas para o streaming.


Em comunicado divulgado para a imprensa, Spielberg explicou: “Na Amblin Partners, narrativas serão sempre o centro do que fazemos, e do momento em que nós começamos a discutir a parceria, já estava bastante claro que nós estávamos diante de uma oportunidade incrível de contar histórias juntos e alcançar públicos de novas maneiras”.


Ao contrário do que se pensa, essa será a segunda vez que a produtora e a Netflix vão trabalhar juntas.

A Amblin Partners foi responsável pela produção do filme “Os 7 de Chicago, indicado a seis categorias no Oscar 2021, entre elas a de “melhor filme”. 


Oscar 2021: veja todos os vencedores da maior premiação do cinema


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Oscar 2021: todos os vencedores

Melhor filme

  • The Father
  • Judas and the Black Messiah
  • Mank
  • Minari
  • Nomadland (VENCEDOR)
  • Promising Young Woman
  • Sound of Metal
  • The Trial of the Chicago 7

Melhor diretor

  • Chloé Zhao - Nomadland (VENCEDORA)
  • Thomas Vinterberg - Another Round
  • David Fincher - Mank
  • Lee Isaac Chung - Minari
  • Emerald Fennell - Promising Young Woman

Melhor atriz

  • Viola Davis - Ma Rainey's Black Bottom
  • Andra Day - The United States vs. Billie Holiday
  • Vanessa Kirby - Pieces of a Woman
  • Frances McDormand – Nomadland (VENCEDORA)
  • Carey Mulligan - Promising Young Woman

Melhor ator

  • Riz Ahmed - Sound of Metal
  • Chadwick Boseman - Ma Rainey's Black Bottom
  • Anthony Hopkins - The Father (VENCEDOR)
  • Gary Oldman - Mank
  • Steven Yeun - Minari

Melhor atriz coadjuvante

  • Yuh-jung Youn - Minari (VENCEDORA)
  • Maria Bakalova - Borat Subsequent Moviefilm
  • Glenn Close - Hillbilly Elegy
  • Olivia Colman - The Father
  • Amanda Seyfried - Mank

Melhor ator coadjuvante

  • Daniel Kaluuya - Judas and the Black Messiah (VENCEDOR)
  • Sacha Baron Cohen - The Trial of the Chicago 7
  • Leslie Odom Jr. - One Night in Miami…
  • Paul Raci - Sound of Metal
  • LaKeith Stanfield - Judas and the Black Messiah

Melhor canção original

  • Fight For You - Judas and the Black Messiah (VENCEDOR)
  • Hear My Voice - The Trial of the Chicago 7
  • Husavik - Eurovision Song Contest: The Story of Fire Saga
  • lo Sì (Seen) - The Life Ahead (La Vita Davanti a Se)
  • Speak Now - One Night in Miami...

Melhor filme animado

  • Soul (VENCEDOR)
  • Onward
  • Over the Moon
  • A Shaun the Sheep Movie: Farmageddon
  • Wolfwalkers

Melhor maquiagem e cabelo

  • Ma Rainey's Black Bottom (VENCEDOR)
  • Hillbilly Elegy
  • Mank
  • Pinocchio
  • Emma.

Melhores efeitos visuais

  • Tenet (VENCEDOR)
  • Love and Monsters
  • The Midnight Sky
  • Mulan
  • The One and Only Ivan

Melhor cinematografia

  • Mank (VENCEDOR)
  • Judas and the Black Messiah
  • News of the World
  • Nomadland
  • The Trial of the Chicago 7

Melhor edição

  • Sound of Metal (VENCEDOR)
  • The Father
  • Nomadland
  • Promising Young Woman
  • The Trial of the Chicago 7

Melhor design de produção

  • Mank (VENCEDOR)
  • The Father
  • Ma Rainey's Black Bottom
  • News of the World
  • Tenet

Melhor edição de som

  • Sound of Metal (VENCEDOR)
  • Greyhound
  • Mank
  • News of the World
  • Soul

Melhor filme internacional

  • Dinamarca - Another Round (VENCEDOR)
  • Hong Kong - Better Days
  • Romênia - Collective
  • Tunísia - The Man Who Sold His Skin
  • Bósnia e Herzegovina - Quo Vadis, Aida?

Melhor documentário curto

  • Colette (VENCEDOR)
  • A Concerto Is a Conversation
  • Do Not Split
  • Hunger Ward
  • A Love Song for Latasha

Melhor documentário

  • My Octopus Teacher (VENCEDOR)
  • Collective
  • Crip Camp
  • The Mole Agent
  • Time

Melhor curta

  • Two Distant Strangers (VENCEDOR)
  • Feeling Through
  • The Letter Room
  • The Present
  • White Eye

Melhor curta animado

  • If Anything Happens I Love You (VENCEDOR)
  • Burrow
  • Genius Loci
  • Opera
  • Yes-People

Melhor roteiro original

  • Promising Young Woman (VENCEDOR)
  • Judas and the Black Messiah
  • Minari
  • Sound of Metal
  • The Trial of the Chicago 7

Melhor roteiro adaptado

  • The Father (VENCEDOR)
  • Borat Subsequent Moviefilm
  • Nomadland
  • One Night in Miami…
  • The White Tiger

Melhor trilha sonora original

  • Soul (VENCEDOR)
  • Da 5 Bloods
  • Mank
  • Minari
  • News of the World

Melhor figurino

  • Ma Rainey's Black Bottom (VENCEDOR)
  • Emma.
  • Mank
  • Mulan
  • Pinocchio


Cacique que acusou Jair Bolsonaro em Tribunal Internacional ganha destaque na Globo

Presidente da Fundação Palmares boicota filme de Lázaro Ramos

Falas da Terra, programa da Globo terá Cacique Raoni


24/03/2021

O Cacique Raoni Metuktire , que é opositor de Jair Bolsonaro, estará em especial da Globo sobre meio ambiente.


Ele que protocolou uma ação contra o presidente Jair Bolsonaro no Tribunal Penal Internacional e o acusou de cometer crimes contra a humanidade, será um dos personagens do especial Falas da Terra, da Globo.


O documento protocolado pelo Cacique Raoni  no tribunal de Haia (Holanda),  atribui ao presidente a responsabilidade por "morte, extermínio, migração forçada, escravização e perseguição contra indígenas".


O líder indígena já foi alvo de críticas por parte de Bolsonaro,  No final do ano passado, em entrevista ao Conversa com Bial, onde o cacique ironizou: "Para mim, não tem importância o que ele [Bolsonaro] fala. Eu vou seguir a  minha luta".


O programa vai ao ar em 19 de abril, Dia do Índio, logo após o BBB21.

"Medida Provisória"- Filme de Lázaro Ramos pode ser vetado 



20/03/2021

O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, pede boicote de filme de Lázaro Ramos.


Ele diz que o longa-metragem de Lázaro ; "Medida Provisória," finge combater o racismo enquanto na verdade, o fomenta.


Segundo ele, o longa é bancado com recursos públicos e acusa o governo Bolsonaro de praticar "crimes de racismo"- onde deporta todos os cidadãos negros para a África por Medida Provisória. "Temos o dever moral de boicotá-lo nos cinemas. É pura lacração vitimista e ataque difamatório contra o nosso presidente", protestou Camargo, em seu perfil, nas redes sociais"..

"Medida Provisória" é uma adaptação da tragicomédia "Namíbia, Não!", que Lázaro Ramos já tinha dirigido no teatro;

 

A trama se passa num Brasil do futuro em que uma iniciativa de reparação pelo passado escravocrata provoca uma reação no Congresso Nacional, que aprova uma medida provisória. Sua aprovação afeta diretamente a vida do casal formado pela médica Capitú (Taís Araujo) e pelo advogado Antonio (Alfred Enoch). Separado por força das circunstâncias, o casal não sabe se conseguirá se reencontrar.

Globo pagou R$ 287mil a Gabigol por Documentário

Predestinado: Gabigol tentou impedir último episódio de sua série documental


23/03/2021

A série documental "Predestinado", produzida pela Globo para homenagear a carreira do jogador Gabriel Barbosa, virou motivo de discórdia e ação judicial ao retratar a ida do atacante a um cassino clandestino. O UOL Esporte teve acesso à integra do contrato entre atleta e emissora: ele prevê pagamento de R$ 287,5 mil e mais uma participação de 50% em futuros licenciamentos da produção para Gabigol e seu estafe, e veta que a produção tenha qualquer menção à vida amorosa do artilheiro.

 

Do valor desembolsado pela Globo, R$ 250 mil são destinados ao próprio Gabriel, e R$ 37,5 mil à empresa 4Comm, que gere a sua carreira. Em caso de licenciamentos futuros para outras emissoras ou serviços de vídeo, os lucros seriam divididos: 50% para a Globo, 40% para Gabigol e 10% para a 4Comm.


A empresa Gabigol Esportes Ltda, que cuida da imagem do jogador de futebol Gabigol, do Flamengo, tentou impedir a exibição do último episódio da série documental "Predestinado", que conta a história do jogador. Liberado neste domingo (22/3) aos assinantes da Globoplay, o capítulo foi reeditado para incluir a detenção do atleta em um cassino clandestino em

São Paulo, furando o toque de recolher contra a covid-19 na madrugada do último domingo.


A equipe de Gabigol entrou com um pedido de liminar na Justiça do Rio de Janeiro para barrar a veiculação das imagens comprometedoras do jogador, com a justificativa de que a Globo não respeitou o contrato. Eles alegam que existem cláusulas que obrigam a emissora a consultar o jogador em caso de qualquer edição. Mas a equipe só teria sido informada das mudanças na véspera e, ao entrar em contato com a emissora, optou pela via judicial.


Não resta qualquer dúvida que a aceitação dos autores acerca da elaboração do documentário está estritamente atrelada ao fato de que este foi apresentado e descrito pela ré como uma homenagem ao atleta Gabriel Barbosa e como de exaltação à sua carreira, sendo certo que a pretensão da ré se mostra totalmente contrária à tal premissa, configurando-se em exposição midiática de assunto estritamente relacionada à vida pessoal do atleta e extremamente delicado", diz trecho do documento, que acabou vindo à tona e publicado pela imprensa esportiva.


Além de tentar impedir a nova versão do conteúdo, a equipe do jogador entrou com o pedido de indenização de R$ 2 milhões caso o Globoplay descumprisse a decisão.

A juíza de plantão da 14ª Câmara Cível do Rio de Janeiro negou o pedido do jogador, alegando que as notícias já eram públicas.

   Fonte: Uol

Filme sobre Britney Spears é impactante e está disponível na Globoplay

Documentário retrata cárcere privado da cantora pop


23/03/2021

Após a enorme recepção no exterior, Framing Britney Spears: A Vida de uma Estrela, o documentário focado na ascensão e queda de um dos maiores ícones pop dos anos 2000, chegou ao Brasil com exclusividade pelo Globoplay. Originalmente lançado pelo Hulu, os fãs agora podem assistir ao filme na íntegra por meio da assinatura do streaming.


O Filme sobre a Britney, retrata os autos e baixos da Cantora pop.

O documentário Framing Britney: A Vida de uma Estrela, traz todas as fases da cantora. O filme mostra a ascensão, queda e tentativa de redenção da princesinha do pop


O plot é centrado no cárcere privado o qual ela é mantida presa há treze anos. Hoje, com quase 40 anos a cantora tem como tutor o seu pai, que controla seu dinheiro até para comprar um celular.


Sai lista dos indicados do Oscar 2021

OSCAR 2021: Saiba mais sobre os premiados do ano



15/03/2021

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas divulgou a lista de indicados ao Oscar 2021. Em uma das categorias principais, Melhor Filme, estão oito concorrentes dignos da maior premiação do cinema.


A Cerimônia acontecerá em 25 de abril. 'Mank' foi campeão de indicações e Chadwick Boseman pode receber prêmio póstumo; pela 1ª vez, 2 mulheres concorrem à estatueta de melhor direção.




Veja a lista dos filmes indicados


Veja, abaixo, os indicados ao Oscar 2021

Melhor filme

  • "Meu pai"
  • '"Judas e o messias negro"
  • "Mank"
  • "Minari"
  • "Nomadland"
  • "Bela vingança"
  • "O som do silêncio"
  • "Os 7 de Chicago"

Melhor atriz

  • Viola Davis - "A voz suprema do blues"
  • Andra Day - "Estados Unidos Vs Billie Holiday"
  • Vanessa Kirby - "Pieces of a woman"
  • Frances McDormand - "Nomadland"
  • Carey Mulligan - "Bela vingança"

Melhor ator

  • Riz Ahmed - "O som do silêncio"
  • Chadwick Boseman - "A voz suprema do blues"
  • Anthony Hopkins - "Meu pai"
  • Gary Oldman - "Mank"
  • Steve Yeun - "Minari"



Na ordem, 'Meu pai', 'Minari', 'Nomadland', 'Os 7 de Chicago', 'Bela vingança', 'O som do silêncio', 'Mank' e 'Judas e o Messias negro' concorrem ao prêmio de melhor filme no Oscar 2021 — Foto: Divulgação

Globo de Ouro 2021 divulga lista de premiação

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    Globo de Ouro 2021'

    Tina Fey e Amy Poehler apresentam o Globo de Ouro 2021 à distância

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    Daniel Kaluuya - Melhor ator coadjuvante

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    Globo de Ouro 2021

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    Globo de Ouro 2021

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O Globo de Ouro anunciou neste domingo (28) os vencedores de sua 78ª edição. Promovido pela Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood (HFPA), na sigla original, o evento tem apresentação de Tina Fey e Amy Poehler.

No total, foram 25 categorias premiadas, sendo 14 delas de cinema e 11 de TV. A atriz Jane Fonda e o roteirista Norman Lear receberam prêmios pelo conjunto da obra.



Veja lista de vencedores:



Cinema


Melhor Filme - Drama

  • “Meu Pai”
  • “Mank”
  • “Nomadland”
  • “Bela vingança”
  • “Os 7 de Chicago”

Melhor filme - Musical ou comédia
   “Borat: fita de cinema seguinte”

  • “Hamilton”
  • “Palm Springs”
  • “Music”
  • “A Festa de Formatura”

Melhor diretor

  • Emerald Fennell — "Bela Vingança"
  • David Fincher — "Mank"
  • Regina King — "Uma noite em Miami..."
  • Aaron Sorkin — "Os 7 de Chicago"
  • Chloé Zhao — "Nomadland"

Melhor atriz de filme - Drama

  • Viola Davis ("A voz suprema do blues")
  • Andra Day ("Estados Unidos Vs Billie Holiday")
  • Vanessa Kirby ("Pieces of a Woman")
  • Frances McDormand ("Nomadland")
  • Carey Mulligan ("Bela vingança")

Melhor ator de filme - Drama

  • Riz Ahmed (“O som do silêncio”)
  • Chadwick Boseman (“A voz suprema do blues”)
  • Anthony Hopkins (“Meu pai”)
  • Gary Oldman (“Mank”)
  • Tahar Rahim (“The Mauritanian”)

Melhor atriz em filme - Musical ou comédia

  • Maria Bakalova (“Borat: Fita de cinema seguinte”)
  • Michelle Pfeiffer (“French Exit”)
  • Anya Taylor-Joy (“Emma”)
  • Kate Hudson (“Music”)
  • Rosamund Pike (“Eu me importo”)

Melhor ator em filme - Musical ou comédia

  • Sacha Baron Cohen (“Borat: fita de cinema seguinte”)
  • James Corden (“A Festa de Formatura”)
  • Lin-Manuel Miranda (“Hamilton”)
  • Dev Patel (“The Personal History of David Copperfield”)
  • Andy Samberg (“Palm Springs”)

Melhor ator coadjuvante

  • Sacha Baron Cohen (“Os sete de Chicago”)
  • Daniel Kaluuya (“Judas e o messias negro”)
  • Jared Leto (“Os pequenos vestígios”)
  • Bill Murray (“On the Rocks”)
  • Leslie Odom, Jr. (“Uma noite em Miami...”)

Melhor atriz coadjuvante

  • Glenn Close (“Era uma vez um sonho”)
  • Olivia Colman (“Meu pai”)
  • Jodie Foster (“The Mauritanian”)
  • Amanda Seyfried (“Mank”)
  • Helena Zengel (“News of the World”)

Melhor roteiro

  • “Bela vingança"
  • “Mank”
  • “Os 7 de Chicago"
  • “Meu pai"
  • “Nomadland”

Melhor filme em língua estrangeira

  • “Another Round” ("Druk") - Dinamarca
  • “La Llorona” - Guatemala / França
  • "Rosa e Momo (“The Life Ahead” ou "La vita davanti a sé") - Itália
  • "Minari - Em Busca da Felicidade" - EUA
  • "Nós duas" (“Two of Us” ou "Deux") - França e EUA

Melhor animação

  • “Os Croods 2: Uma Nova Era”
  • “Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica”
  • “A caminho da Lua"
  • “Soul”
  • “Wolfwalkers”


Melhor trilha sonora

  • “O céu da meia-noite” – Alexandre Desplat
  • “Tenet” – Ludwig Göransson
  • “News of the World” – James Newton Howard
  • “Mank” – Trent Reznor, Atticus Ross
  • “Soul” – Trent Reznor, Atticus Ross, Jon Batiste


Melhor canção original

  • “Fight for You” de "Judas e o messias negro" – H.E.R., Dernst Emile II, Tiara Thomas
  • “Hear My Voice” de “Os 7 de Chicago” – Daniel Pemberton, Celeste
  • “Io Si (Seen)” de “Rosa e Momo” – Diane Warren, Laura Pausini, Niccolò Agliardi
  • “Speak Now” de “Uma noite em Miami...” – Leslie Odom Jr, Sam Ashworth
  • “Tigress & Tweed” de "Estados Unidos Vs Billie Holiday" – Andra Day, Raphael Saadiq



Confiram os 22 filmes que devem dominar o Oscar e o Globo de Ouro em 2021

Mais um ano de pandemia e mais uma temporada atípica de premiações de filmes pelo segundo ano consecutivo. O coronavírus fechou cinemas e consolidou plataformas online. Mesmo assim, as produções continuaram a estrear, e algumas já começaram a ser indicadas aos prêmios mais importantes do cinema americano.

Confira uma lista dos 22 títulos que mais receberam elogios desde sua estreia e que já alcançaram — ou espera-se que alcancem — o maior número de indicações na temporada de premiações de Hollywood

Bárbara Paz faz vaquinha virtual para seu filme chegar ao Oscar 

Documentário brasileiro sobre Hector Babenco foi o escolhido mas ainda precisa de divulgação para constar na lista final de indicados. 



05/01/2021
A atriz e diretora Bárbara Paz, pediu apoio para levar seu filme, que já está concorrendo ao melhor documentário, para o  Oscar.

O longa,  dirigido por Paz foi o escolhido e luta por uma vaga na lista dos indicados a melhor filme estrangeiro, mas ainda precisa passar por uma pré-lista de dez selecionados, que será divulgada no dia 9 de fevereiro, para finalmente conquistar um espaço entre os cincos finalistas do prêmio, cuja divulgação ocorrerá em 15 de março. No momento, há filmes de 92 países na concorrência. 

Sem o apoio do governo federal, Bárbara lançou uma campanha on-line para bancar os custos de divulgação – afinal, o filme precisa ser visto por quem participa da escolha dos indicados. Porém, ainda é necessário que o membro se inscreva em uma comissão especial para poder ter acesso aos filmes concorrentes numa plataforma exclusiva do Oscar.

Em novembro de 2020, a Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais anunciou que o documentário será o representante do Brasil na disputa por uma vaga na categoria de melhor filme internacional na premiação mais importante do do cinema.

Para que isso aconteça é preciso muito esforço, até que haja uma quantia para chegar até uma shortlist dos dez selecionados.

Bárbara Paz, pretende arrecadar R$ 200 mil até o dia 31 de janeiro. Até esta terça (5), a campanha já havia arrecadado 56% do total. A segura fase prevê uma meta de R$ 350 mil. O dinheiro servirá para campanha que envolve sessões do filme para os membros da Academia e também para pagar uma assessoria de imprensa americana, publicidade do filme e promoção com anúncios em revistas do setor, jornais de grande impacto e mídias específicas. 


O longa sobre Babenco traz relatos sobre as memórias, amores, reflexões, intelectualidade e a condição frágil  da saúde de Babenco, com doenças enfrentadas em seus últimos anos de vida. O título mostra os contrastes da carreira do diretor argentino, naturalizado brasileiro, indicado ao Oscar por O Beijo da Mulher Aranha (1985).




Documentário de Bárbara Paz é selecionado para representar o Brasil no Oscar 2021

Bárbara Paz se emociona com escolha de filme sobre Babenco 'Hector merecia muito'


18/11/2020

O documentário de Babara Paz foi selecionado para representar o Brasil no Oscar 2021.

A Academia Brasileira de Cinema e Áudio Visual, confirmou nesta quarta-feira (18), que o documentário Babenco, "Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou", será o representante do Brasil na disputa por uma vaga na categoria de melhor filme internacional no Oscar 2021. O longa é dirigido por Bárbara Paz, que foi casada com Hector Babenco (1946-2016) nos últimos seis anos de vida do diretor.

"Estou muito emocionada, aos prantos aqui, chorando." foi assim que Bárbara Paz definiu sua emoção logo após saber que o filme foi selecionado.

O anúncio foi feito pela Academia Brasileira de Cinema, hoje, 18, após reunião do Comitê de Seleção.

Dirigido por Paz, que foi casada com o diretor, o documentário mostra os medos e ansiedade de Hector Babenco, além de memórias e reflexões.

Agora, o filme, que foi coproduzido com a GloboNews, tenta uma vaga entre os cinco lugares na categoria de Melhor Filme Internacional da premiação. O Oscar 2021 acontece em 25 de abril.

"É o primeiro documentário indicado ao Oscar estrangeiro pelo Brasil. Isso é histórico. Estou muito emocionada porque o Hector merecia muito. Estou vendo o sorriso dele aqui na minha frente", disse Bárbara.

A decisão de escolher o documentário na disputa com outros 18 longas saiu durante uma reunião virtual realizada nesta manhã, com o Comitê de Seleção de Academia, composto por profissionais do audiovisual indicados pela entidade que  representa os profissionais da indústria de cinema no Brasil.

O filme sobre Babenco traz relatos sobre as memórias, amores, reflexões, intelectualidade e a frágil condição de saúde do artista, com doenças enfrentadas em seus últimos anos de vida. O longa mostra os contrastes da carreira do diretor argentino naturalizado brasileiro, indicado ao Oscar por O Beijo da Mulher Aranha (1985).

Ex-rival da Netflix lança streaming de graça e oferece filmes no YouTube


03/11/2020

NetMovies irá adotar o modelo gratuito para seu serviço de streaming de filmes e séries. A companhia, que começou em 2006 como uma locadora de DVDs online, irá disponibilizar 2.500 títulos de todos os gêneros que podem ser assistidos sem custo pelo espectador, mediante exibição de publicidade.


Uma das primeiras concorrentes da Netflix nos anos 2000, a NetMovies mudou a estratégia de negócios e transformou a sua plataforma em um serviço de streaming gratuito, com ganhos baseados em publicidade.


A empresa oferece filmes  licenciados (que não são piratas) com qualidade de áudio e vídeo, além de manter um canal no YouTube com produções sem custo ao usuário.


A NetMovies afirma que o lançamento faz parte de um plano que vem sendo desenvolvido há dois anos, incluindo a busca por conteúdos que possuem licenciamento para uso com publicidade.

NetMovies custava R$ 18,90 por mês Até então, a NetMovies cobrava R$ 18,90 por mês para ter acesso ao catálogo. Os títulos de outubro de 2020 não são tão atraentes como os presentes na Netflix ou Amazon Prime Video, mas são justificáveis para uma plataforma gratuita.


Outros serviços de streaming gratuitos e suportados por anúncio já existem, como o Vix e Plex TV. Em dezembro, o Pluto TV chegará ao Brasil com 24 canais lineares e conteúdo da ViacomCBS, incluindo títulos como Star Trek, O Casamento do Ano, Pegando Fogo e Expresso do Amanhã.


Em um mercado dominado por gigantes do entretenimento, que produzem os próprios conteúdos, a NetMovies percebeu que cobrar uma mensalidade de R$ 18,90 para oferecer títulos antigos não atrairia assinantes. Nos últimos dois anos, trabalhou para mudar o seu modelo.

Sean Connery: ator de 007 morre aos 90 anos

Morre Sean Connery, famoso por interpretar James Bond, aos 90 anos


31/10/2020

O ator Sean Connery morreu na manhã de hoje aos 90 anos. A informação foi divulgada pelo site da BBC, que confirmou a notícia com a família do ator. A causa da morte ainda não foi divulgada, mas o veículo afirmou que ele tinha problemas de saúde e estava nas Bahamas.

Em 2006, ele fez uma cirurgia para retirar um tumor no rim.


Familiares confirmaram à CNN americana que "Sean Connery morreu enquanto dormia, pacificamente".

O ator escocês, Sean Connery,  ficou mais conhecido por interpretar James Bond, o agente 007, sendo o primeiro a levar o papel para os cinemas e aparecendo em sete dos thrillers de espionagem.


A carreira de ator durou décadas e rendeu muitos prêmios, incluindo um Oscar, dois prêmios Bafta e três Globos de Ouro.

Outros filmes de Sean incluem "A Caçada ao Outubro Vermelho", "Indiana Jones e a Última Cruzada" e "A Rocha".

Ele ganhou o Oscar em 1988, quando foi eleito o melhor ator coadjuvante por seu papel como policial irlandês em "Os Intocáveis".


Ele foi nomeado cavaleiro pela Rainha no Palácio de Holyrood, na Escócia em 2000.

Em agosto, comemorou seu 90º aniversário.

Origem humilde


Thomas Sean Connery nasceu em Fountainbridge, na região de Edimburgo, no dia 25 de agosto de 1930. Filho de um operário católico e de uma faxineira protestante.


A família do pai dele emigrou da Irlanda no século 19. A mãe traçou sua linha de volta aos falantes de gaélico da Ilha de Skye.

A região estava em decadência há anos. O jovem Tommy Connery foi criado em um cômodo de um cortiço com banheiro compartilhado e sem água quente.


Ele deixou a escola aos 13 anos, sem qualificações, para entregar leite, polir caixões e assentar tijolos como pedreiro, antes de entrar para a Marinha Real. Três anos depois, ele deixou o serviço com úlceras estomacais. Mas com tatuagens nos braços, que proclamavam suas paixões: "Escócia para sempre" e "Mamãe e papai".

Em Edimburgo, ele ganhou a reputação de "homem duro" quando seis membros de uma gangue tentaram roubar o casaco dele. Quando ele os impediu, foi seguido. Connery iniciou uma luta de um homem só que o futuro Bond venceu.

Ele sobrevivia da maneira que conseguia. Ele dirigiu caminhões, trabalhou como salva-vidas e posou como modelo no Edinburgh College of Art. Passava o tempo livre fazendo musculação.

Além de muito bonito, assim como era considerado pelo artista plástico Richard Demarco, onde muitas vezes pintou Connery como estudante, o descreveu certa vez, como "lindo demais para palavras, um Adônis virtual".


Connery tinha talento para ser um bom jogador de futebol o suficiente para atrair a atenção de Matt Busby, que lhe ofereceu um contrato de £ 25 (hoje, cerca de R$ 185) por semana para jogar no Manchester United. Mas optou pelas carreiras do palco.

Gravação de série de terror da Globo teve caso paranormal com nevasca e incêndio

Medo e rituais de bruxaria: O que esperar de Desalma, série de terror da Globo


20/10/2020
A primeira temporada da série estreia na próxima quinta (22). Nesta segunda (19), as atrizes Cássia Kiss, Cláudia Abreu e Maria Ribeiro, ao lado de Ana Paula e Manga Jr, falaram em entrevista coletiva sobre o lançamento. "O título já causa uma estranheza. Não convivia com essa palavra ("desalma"). É escancaradamente um drama. A gente fala de uma ficcção, mas é uma história milenar. Os 10 episódios são uma construção de onde vai chegar esse drama, de uma transmigração da alma", reflete Cássia. A atriz veterana interpreta a feiticeira Haia Lachovicz na trama. 


A série Desalma,  trata de eventos paranormais que acontecem em uma pequena cidade, e há quem acredite que situações sobrenaturais aconteceram de verdade durante as gravações em uma pequena cidade, e há quem acredite que situações sobrenaturais aconteceram de verdade durante as gravações. A autora da história diz que uma queda brusca na temperatura e um incêndio que ocorreu numa locação podem ter sido obra de um deus pagão contrariado.


Escrita por Ana Paula Maia e dirigida por Carlos Manga Jr., Desalma se passa na fictícia cidade de Brígida, uma antiga colônia ucraniana no Brasil. "A mitologia ucraniana é aterrorizante, gente. Um negócio muito estranho. É um universo muito próprio, com paganismo, bruxaria, um pano de fundo sombrio. É o melhor lugar pra contar uma história de terror nesse momento", Ana Paula explica.



“Filho Pródigo” estreia no Globoplay neste sábado

25/09/2020


A série “Filho Pródigo” estreia com exclusividade no Globoplay neste sábado (26). Criada por Chris Fedak e Sam Sklaver, a produção é sucesso internacional onde Malcolm Bright irá precisar retornar aos assassinatos que o próprio pai cometeu em busca de solucionar uma série de outros crimes.


Os episódios relatam um caso por semana e a história é costurada com ‘flashbacks’ da noite em que Malcolm Bright (Tom Payne), ainda criança, descobre que seu pai, o Dr. Martin Whitly (Michael Sheen), é um famoso serial killer conhecido como “O Cirurgião”.


Anúncio da morte de ator de 'Pantera Negra' é publicação mais curtida do Twitter


Chadwick Boseman transformou o "Pantera Negra" em um ícone nos cinemas

30/08/2020

A postagem com a confirmação do falecimento de Chadwick Boseman recebeu, até a manhã deste domingo (30), mais de 6,6 milhões de curtidas; 'Tuíte mais curtido de todos os tempos. Um tributo digno de rei', disse o Twitter.

O anúncio da morte do ator Chadwick Boseman, que protagonizou o filme Pantera Negra e faleceu na última sexta-feira (28) em decorrência de um câncer de cólon, foi a postagem mais curtida da história do Twitter. "Tuíte mais curtido de todos os tempos. Um tributo digno de rei", informou o próprio Twitter em sua conta oficial.

Mais conhecido por protagonizar Pantera Negra nos filmes da Marvel Studios, Boseman também interpretou os ícones negros James Brown e Jackie Robinson no cinema. Seu empresário informou que ele não resistiu ao tratamento de um câncer de cólon.


Ele foi diagnosticado com câncer há quatro anos, afirmou a família em um comunicado. 'Um batalhador, Chadwick resistiu durante todo o processo e fez filmes que todos amamos', afirma a nota. 'Vários filmes foram gravados durante e entre várias cirurgias e tratamento de quimioterapia. Foi a honra de sua carreira dar vida ao King T'Challa em 'Pantera Negra', ressaltou a família do ator.



Dica do filme da semana

Rede de Ódio- Netflix

Incêndios- Globoplay

por Farid Zaine

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La Casa de Papel começa a gravar a parte 5

As gravações da Parte 5 de "La Casa de Papel" já começaram

21/07/2020

o ator Álvaro Morte, que interpreta o Professor em "La casa de papel", publicou uma foto no set de filmagens da série nesta terça-feira (21) e anunciou que a produção da quinta temporada começou. Na postagem, o ator aparece de máscara, contra a covid-19. Antes dele, Pedro Alonso já tinha mostrado sua preparação para retomar o papel de Berlim. Na semana passada, ele escreveu: "Acabei de cortar o cabelo e experimentar as roupas. Todos usavam máscaras. Por um momento isso pareceu o Pentágono. Ou um [filme de] Spielberg sobre encontros em quem sabe que época. O fato é que em breve eu serei ele novamente. Chama-se Berlim e é puro amor."



As gravações foram liberadas na Espanha no final de junho. 

Luka Peroš, que interpreta o Marselha, disse que as gravações da quinta parte estavam previstas para iniciar em agosto e se diz surpreso .



Lançada em 3 de abril, a Parte 4 da série espanhola é considerada um dos maiores sucesso do ano no catálogo da Netflix, vista por mais de 65 milhões de pessoas, segundo informação da própria plataforma ao mercado.

Dica do filme da Semana

365 Dias e Instinto Selvagem- Netflix

por Farid Zaine

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Mira, a Detetive do Reino é a nova aposta da Disney em diversidade



Mira, A Detetive do Reino, a nova série da Disney Junior, esteia dia 20 de julho, às 19h15.



A séria foi inspirada na cultura e costumes da Índia. Situada na terra de Jalpur, a série segue a corajosa Mira, uma garota que conquista o papel de detetive real depois de resolver um mistério envolvendo o jovem príncipe do reino.



A nova produção da Disney apresenta essa menina curiosa, corajosa e engenhosa, nomeada para o papel de detetive real pela rainha. Enraizado na vibrante herança da Índia, cada episódio de Mira, A Detetive do Reino, retrata a cultura e os costumes da região do sul da Ásia na narrativa.



Cada episódio de Mira, a Detetive do Reino, tem 11 minutos de duração, sempre apresentando a personagem com pensamento crítico e o raciocínio dedutivo para ajudar sua família, amigos e a comunidade de seu reino.



O show ainda conta com Danny Pudi no elenco, ator que ficou famoso ao interpretar Abed em Community, e Jameela Jamil, que ganhou fama ao interpretar Tahani em The Good Place. Após a estreia, os novos episódios serão transmitidos de segunda a sexta-feira, também às 19h15, no canal.



Retratando a relevância da cultura indiana, a música e a dança exercem um papel essencial em Mira, A Detetive do Reino, com cada episódio apresentando pelo menos um número original de música e dança que mostra a diversidade da cultura.

A trama foi criada para crianças de 2 a 7 anos e suas famílias, seguindo os passos de Mira junto ao seu amigo príncipe Neel; sua criativa prima Priya e os engraçados e amigáveis mangustos Mikku e Chikku, enquanto embarcam em aventuras divertidas e mistérios não resolvidos que promovem o pensamento crítico e o raciocínio dedutivo para jovens telespectadores.

Dica do filme da Semana

Silêncio na Floresta e O Crime do Padre Amaro

por Farid Zaine

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Netflix cria fundo de 5 milhões para ajudar profissionais do áudio visual do Brasil 
Administrado pelo Instituto de Conteúdos Audiovisuais Brasileiros (ICAB), fundo oferecerá auxílio emergencial para até 5 mil profissionais do setor

15/04/2020
A Netflix e o Instituto de Conteúdos Audiovisuais Brasileiros (ICAB) 
se uniram para criar um fundo emergencial de apoio à comunidade criativa brasileira que foi prejudicada pela pandemia de Covid-19. Gerenciado pelo ICAB e estabelecido com uma doação de R$ 5 milhões da Netflix, o fundo tem o propósito de oferecer alívio para até 5 mil profissionais que não conseguem exercer seu trabalho durante a paralisação.

De acordo com a mensagem publicada, o ICAB será o gestor do fundo, que contemplará profissionais como produtores, assistentes, coordenadores, técnicos e operadores de diferentes departamentos de produção como câmera, áudio, arte, maquiagem, figurino, cenografia, logística, entre outros. 

O Instituto, que traz em seu DNA a preocupação com o bem-estar dos profissionais, não podia deixar de agir no momento em que essas pessoas mais precisam, por isso estamos muito felizes com esta parceria com a Netflix. Também queremos convocar outros membros da indústria audiovisual para contribuir e aumentar os recursos que visam exclusivamente apoiar aqueles que são uma parte fundamental da produção audiovisual brasileira”, disse o diretor-executivo do ICAB, Mauro Garcia. 

No mundo a Netflix está doando US$ 100 milhões para ajudar os países onde presta serviço. Desse total, US$ 15 milhões são para ajudar os profissionais com uma verba de auxílio, e outros US$ 85 milhões, para produções da Netflix afetadas pela pandemia. 

A parcela que cabe a doações para profissionais no Brasil é similar à verba distribuída com esse mesmo destino na França, no México e em outros países. Segundo o serviço, a doação “é um complemento ao pagamento de cachês que foram feitos às equipes e atores das nossas produções originais no país.

A parcela que cabe a doações para profissionais no Brasil é similar à verba distribuída com esse mesmo destino na França, no México e em outros países de atuação da empresa. Segundo o serviço, a doação “é um complemento ao pagamento de cachês que foram feitos às equipes e atores das nossas produções originais no país. O dinheiro será gerenciado pelo ICAB que prevê um único depósito no valor de um salário mínimo, R$ 1.045, para até 5 mil profissionais atingidos pela interrupção da produção audiovisual no Brasil.

Para se candidatar a receber o benefício, que será um depósito único de R$ 1.045 -, os profissionais precisam acessar o site do ICAB a partir de 28 de abril, onde um comitê analisará todas as solicitações e responderá os candidatos em até 10 dias. 

Uma temporada tensa
por Farid Zaine
farid.cultura@uol.com.br
@farid.cultura

La Casa de Papel” chega à sua quarta temporada confirmando ser um dos maiores trunfos da Netflix. Sucesso em todo o mundo, ainda tem sua estreia no meio de um isolamento social que mantém em casa a maioria da população por toda parte. Com seu argumento inteligente e mirabolante, que não está nem aí para a verossimilhança, a série amarra o espectador com seus ganchos espertos e garante um interesse geral incomum. Sucesso global, “La Casa de Papel” traz de volta o Professor (Alvaro Morte) e sua obstinada busca de soluções para manter coeso o grupo que, agora, trabalha no roubo do ouro do Banco da Espanha. 
O Professor , mesmo com suas estratégias fundamentadas em matemática,química, física,biologia, ciência da computação , outras inumeráveis fontes e uma espantosa intuição, verá que nem tudo acontece como planejado , mesmo que milimetricamente. Aí está a chave do sucesso da série. O público precisa se habituar a saber que ninguém é infalível e muito menos imortal. 
A 4ª temporada de “La Casa de Papel” oferece todos os ingredientes comuns à série, desde o início: drama, romance, suspense, terror e, sobretudo, uma dose de crescente tensão.
Destaco, sem querer dar spoiler, os flashbacks – às vezes excessivos- como o casamento de Berlim e o seu relacionamento ambíguo com Palermo, que acaba num esperado beijo. Os diálogos são, muitas vezes, extremamente bem construídos, como a conversa de Raquel/Lisboa (Itziar Ituño) com a durona Alicia Sierra (Nadjwa Nimri), dentro da tenda, quando Raquel tenta extrair da inspetora detalhes do relacionamento com o marido, e recebe uma resposta demolidora.
Gandía (José Manuel Poga), o Chefe de Segurança do Banco da Espanha, ganha protagonismo nessa temporada, sendo o responsável pelos momentos de maior impacto. Os traumas de Rio (Miguel Herrán) e a complicada situação de Nairóbi (Alba Flores) completam o tempero e dão carga extra de emoção ao longo dos 8 episódios.
Agora resta aguardar a árdua tarefa dos roteiristas, no mínimo já trabalhando duro para criar novas situações para a próxima temporada, sem o perigo da repetição e do desgaste.

Cotação: ****MUITO BOM

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magazine luiza/magazeinebbmentertainment
O Poço
Por Farid Zaine

Estreado na Netflix em meio à angustiante fase de isolamento social que se alastra pelo mundo, “O Poço” não é exatamente recomendado para quem já está sofrendo de ansiedade e medo. Há uma salutar onda de filmes que abordam a desigualdade social e ilustram, com histórias criativas, esse “despertar” das classes menos favorecidas e sua luta por um lugar no mundo, um mundo onde se possa viver com dignidade. Com maestria ímpar o diretor sul-coreano Bong Joon-Ho criou seu “Parasita”, com justiça premiado com a Palma de Ouro em Cannes em 2019 e com o Oscar 2020 de Melhor Filme. 
O tema pode ser semelhante, mas existe uma diferença abismal entre “O Poço” e “Parasita”,do ponto de vista de realização de obra cinematográfica. Não que “O Poço” seja ruim, pelo contrário, é bom. Mas seu novato diretor Galder Gaztelu-Urrutia carrega nas tintas do terror explícito. Esse “peso”, no quesito visual, é bem marcante. Na tentativa de criar um ambiente claustrofóbico, bem representado pela cenografia ,a fotografia muita vezes fica sombria demais. O espaço para a violência e o terror escatológico é exagerado.O roteiro é original, mas deixa buracos pouco esclarecidos, embora acerte na crescente tensão e na expectativa pelo que vai acontecer nos minutos seguintes. 
Assistir ao longa espanhol “O Poço” no momento em que estamos vivendo é jogar gasolina na fogueira. A boa notícia é vermos a chegada de Urrutia , uma promessa bem-vinda ao gênero terror, no caso essa nova incursão em um futuro distópico e apavorante. Excessos de metáforas e finais abertos nem sempre fazem bem a um filme. Aqui não é diferente, embora a reflexão que é gerada a partir do epílogo seja a melhor coisa que o longa apresente. Afinal, não é sem muita luta, muito sacrifício e muitas perdas, mas com muita esperança, é que se deixa o fundo do poço.

Cotação: ***BOM

Oscar 2020: Os destaques do tapete vermelho da premiação
Oscar 2020: Confira lista completa de vencedores

10/02/2020
A 92ª cerimônia do Oscar foi cercada de surpresas e rendeu momentos emocionantes com ótimas piadas. 
Além do filme sul-coreano "Parasita" ganhar quase todas as estatuetas, a cerimônia mais esperada do cinema mundial teve momentos surpreendentes e de emoção,como a apresentação do  rapper Eminem, cantando "Lose Yoursel" e a cantora Billie Eilish que emocionou os convidados cantando Yesterday homenageando, (In memoriam) as personalidades que nos deixaram em 2019.
Durante a apresentação do Eminem o diretor Martin Scorsese foi flagrado dando uma pequena cochilanda. 

Confira a lista dos vencedores:
Melhor filme
Parasita – VENCEDOR
O Irlandês
Adoráveis Mulheres
Era Uma Vez em… Hollywood
História de um Casamento
1917
Coringa
Ford vs Ferrari
Jojo Rabbi
                                                                               Melhor atriz
                 Renée Zellweger, por Judy – Muito além do Arco-Íris – VENCEDORA
               Saoirse Ronan, por Adoráveis Mulheres
            Charlize Theron, por O Escândalo
           Scarlett Johansson, por História de um Casamento
                                                                       Cynthia Erivo, por Harriet                                                         

Melhor ator 
Joaquin Phoenix, por Coringa – VENCEDOR
Antonio Banderas, por Dor e Glória
Leonardo DiCaprio, por Era Uma Vez em… Hollywood
Adam Driver, por História de um Casamento
Jonathan Pryce, por Dois Papas

Diretor
Bong Joon-Ho, por Parasita – VENCEDOR
Martin Scorsese, por O Irlandês 
Sam Mendes, por 1917
Todd Phillips, por Coringa
Quentin Tarantino, por Era Uma Vez em… Hollywood

Melhor ator coadjuvante 
Brad Pitt, por Era Uma Vez em… Hollywood – VENCEDOR
Joe Pesci, por O Irlandês
Al Pacino, por O Irlandês
Anthony Hopkins, por Dois Papas
Tom Hanks, por Um Lindo Dia na Vizinhança

Melhor atriz coadjuvante 
Laura Dern, por História de um Casamento – VENCEDORA
Scarlett Johansson, por Jojo Rabbit
Florence Pugh, por Adoráveis Mulheres
Margot Robbie, por O Escândalo
Kathy Bates, por O Caso Richard Jewell

Melhor filme internacional
Parasita (Coreia do Sul) – VENCEDOR
Corpus Christi (Polônia)
Honeyland (Macedônia do Norte)
Os Miseráveis (França)
Dor e Glória (Espanha)                                                       Roteiro original
Parasita – VENCEDOR
Entre Facas e Segredos
História de um Casamento
1917
Era Uma Vez em… Hollywood

Roteiro adaptado
Jojo Rabbit – VENCEDOR
Coringa
Adoráveis Mulheres
Dois Papas
O Irlandês                                                                            Documentário 
Indústria Americana – VENCEDOR
The Cave
Democracia em Vertigem
Honeyland
For Sama 

 
Animação 
Toy Story 4 – VENCEDOR
Como Treinar o Seu Dragão 3
Perdi Meu Corpo
Klaus
Link Perdido
Canção Original 
(I’m Gonna) Love Me Again, Elton John por Rocketman – VENCEDOR
I Can’t Let You Throw Yourself Away, por Toy Story 4
Into The Unknown, por Frozen 2
I’m Standing With You, por Superação – O Milagre da Fé
Stand Up, por Harriet

Fotografia 
1917 – VENCEDOR
O Irlandês
O Farol
Coringa
Era Uma Vez em… Hollywood 
Direção de arte 
Era Uma Vez em… Hollywood – VENCEDOR
1917
O Irlandês
Jojo Rabbit
Parasita

Trilha sonora original 
Coringa – VENCEDOR
Adoráveis Mulheres
História de Um Casamento
1917
Star Wars: A Ascensão Skywalker
Figurino 
Adoráveis Mulheres – VENCEDOR
O Irlandês
Jojo Rabbit
Era Uma Vez em… Hollywood
Coringa

Maquiagem e Penteado 
O Escândalo – VENCEDOR
Malévola: Dona do Mal
1917
Coringa
Judy: Muito Além do Arco-Íris
Efeitos Visuais
1917 – VENCEDOR
Vingadores: Ultimato
O Irlandês
O Rei Leão
Star Wars: A Ascensão Skywalker

Edição de som
Ford Vs Ferrari – VENCEDOR
1917
Coringa
Star Wars: A Ascensão Skywalker
Era Uma Vez em… Hollywood
Mixagem de Som 
1917 – VENCEDOR
Ad Astra 
Ford Vs Ferrari 
Coringa
Era Uma Vez em… Hollywood 

Montagem
Ford vs Ferrari – VENCEDOR
O Irlandês
Jojo Rabbit
Coringa
Parasita
Animação em curta-metragem
Hair Love – VENCEDOR
Dcera (Daughter)
Kitbull
Memorable
Sister
Curta-metragem 
The Neighbors’ Window – VENCEDOR
Brotherhood
Nefta Footbal Club
Saria
A Sister
                                                         Documentário de curta-metragem 
Learning to Skateboard in a Warzone (If You’re a Girl) – VENCEDOR
Lifeovertakesme
St. Louis Superman
Walk Run Cha-Cha
In the Absence

Confira os indicados ao Oscar 2020, segundo o crítico de cinema Farid Zaine
Para quem vai o Oscar 2020 ?
Por FARID ZAINE
farid.cultura@uol.com.br

09/02/2020
Uma safra de ótimos filmes marcou a temporada. Com lançamentos antecipados e muitos filmes disponíveis pelo streaming, foi fácil assistir a quase todos os indicados em todas as categorias. Da categoria principal, melhor filme, todos puderam ser vistos pelo público brasileiro. Será prazerosa, na noite de hoje, a tarefa de conferir as indefectíveis listas de favoritos dos cinéfilos. Todos têm seus palpites. Aqui vão os meus:
Melhor Filme: 1917
O espetacular filme de guerra de Sam Mendes, com a proeza de dar a impressão de um único plano-sequência, com arrebatadora trilha sonora e fotografia magnífica, tem se saído bem demais em todas as premiações que antecedem o Oscar. “1917” merece o principal prêmio do cinema, apesar da concorrência dos ótimos “O Irlandês” e “Era Uma Vez em...Hollywood”.
Melhor Diretor: Sam Mendes - 1917
Sam Mendes já conseguiu enorme destaque nas premiações, tendo levado o Globo de Ouro e o Bafta, entre outros. Tem tudo para levar o Oscar da categoria, ele que já foi premiado por “Beleza Americana”. Seu decantado (e falso) plano-sequência único de “1917” é a grande arma para sua vitória.
Melhor Ator: Joaquin Phoenix - Coringa
Unanimidade, Joaquin Phoenix só perde se a Academia se vingar de suas polêmicas declarações. É a maior “barbada” do ano. Fascinante e visceral criação, é o suporte do excelente filme dirigido por Todd Phillips.
Melhor Atriz: Renée Zelwegger - Judy - Muito Além do Arco-Íris
A entrega total de Renée Zelwegger para viver a diva Judy Garland deve lhe render o Oscar, apesar da fortíssima concorrência na categoria.
Melhor Ator coadjuvante: Brad Pitt - Era Uma Vez em...Hollywood
Bom para Brad Pitt ganhar o Oscar quando concorre com grandes e consagrados nomes (Hanks, Pacino, Pesci,Hopkins), numa das mais difíceis categorias do ano. Mas ele merece, pelo impecável desempenho no extraordinário filme de Tarantino.
Melhor Roteiro Original: Parasita
Um dos mais comentados filmes do ano, o sul-coreano Parasita, que obteve 6 indicações, tem um dos mais intrigantes e inteligentes roteiros originais dos últimos tempos. Se perder, será para “Era Uma Vez em...Hollywood.”
Melhor Roteiro Adaptado: Jojo Rabbit
O roteiro adaptado de “Jojo Rabbit” trouxe polêmica ao diretor e ator Taika Waititi, neozelandês. Seu filme brinca com Hitler e o nazismo, mas de forma leve e mantendo a dramaticidade do horror do holocausto. Aqui há uma briga boa com o roteiro de “Adoráveis Mulheres”, escrito pela diretora Greta Gerwig. 
Melhor Fotografia: 1917
Dentre todas as qualidades de “1917”, a fotografia de Roger Deakins é um destaque notável. O vencedor do Oscar por “Blade Runner 2049” já está com as mãos na estatueta.
Melhor Edição Som: 1917
Tecnicamente irrepreensível, “1917” tem no som outro ponto fortíssimo. Filmes de guerra precisam muito de um som adequado, e aqui a tarefa é cumprida à risca.
Melhor Mixagem de Som: 1917
Embora “Ford vs Ferrari” seja muito forte nesta categoria, será coerente premiar a mixagem de som de “1917”, já que deve levar a estatueta pela melhor edição de som.
Melhor Trilha Sonora: Coringa
De suas 11 indicações “Coringa” deve levar, com certeza, o Oscar de Melhor ator e o de Melhor Trilha Sonora. A islandesa Hildur Guonadottir, já famosa pela magnífica trilha de “Chernobyl”, chega a um nível de excelência raro neste trabalho.
Melhor Direção de Arte: Era Uma Vez em ...Hollywood
O amor ao cinema, que transborda neste sensacional nono longa de Quentin Tarantino, fica muito evidente na direção de arte, agora chamada “desenho de produção”.
Melhores Maquiagem e Cabelo: O Escândalo
A transformação de beldades como Charlize Theron, Nikole Kidman e Margot Robbie garantiu o favoritismo de “O Escândalo” (Bombshell) nesta categoria.
Melhores efeitos visuais: 1917
Prefiro os efeitos visuais que não parecem efeitos visuais. No caso de filmes de super-heróis e aventuras espaciais, apesar de maravilhosos, o público sempre sabe que os efeitos estão ali o tempo todo, alimentando a ilusão. No caso de “1917”, a sensação causada pelo famigerado plano-sequência único, as imagens das trincheiras e o impacto das explosões que parecem acontecer no colo do espectador dão-lhe a impressão de realidade total. Isso não é pouco.
Melhor Figurino: Adoráveis Mulheres
A beleza plástica de “Adoráveis Mulheres” está em boa parte calcada no seu maravilhoso figurino.
Melhor Canção: “(I´m Gonna) Love Me Again” - Rocketman
“(I´m Gonna) Love Me Again” parece ter caído nas graças de todo o mundo. Composta para “Rocketman”, deve dar o Oscar a Elton John , já que o ator que o interpretou brilhantemente, Taron Egerton, foi esnobado pela Academia.
Melhor Edição (montagem) : Ford vs Ferrari
Sem ser um grande filme, “Ford vs Ferrari” tem qualidade técnica indiscutível,sendo a montagem (edição),um de seus pontos fortes.
Melhor Animação: Toy Story 4
A delicada continuação desse grande sucesso é a melhor da série. Mas não há unanimidade na categoria.
Melhor Documentário: American Factory
A torcida , naturalmente, fica para “Democracia em Vertigem”, de Petra Costa, que assim coloca o Brasil na disputa de um dos principais prêmios. Mas “American Factory” fala mais diretamente ao coração dos americanos, daí seu favoritismo. Pode ser conferido na Netflix.
Melhor Filme Internacional: Parasita (Coreia do Sul)
O magnífico filme de Bong Joon-Ho surpreendeu ao receber 6 indicações. Premiadíssimo, parece ser a maior barbada do ano na categoria Melhor Filme Internacional, uma vez que também foi indicado a Melhor Filme (categoria principal).
Hoje à noite ,portanto, todos ligados na grande celebração dos talentos do cinema. O Oscar, com seu inegável fascínio, continua a unir milhões de pessoas ao redor do mundo, ansiosas por receberem em casa, através da transmissão ao vivo, a presença daqueles que, sobretudo, fabricam nossos sonhos e aguçam nossa percepção da condição humana.



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    Luto no Cinema 
      O ator e diretor Kirk Douglas, morre aos 103 anos

05/02/2020
Kirk Douglas, ator e cineasta americano, morreu aos 103 anos nesta quarta-feira (5). Ele sofreu um acidente vascular cerebral em 1996 e desde então vinha passando por problemas de saúde.  

Kirk foi indicado três vezes ao Emmy, a premiação mais importante da TV americana. No Globo de Ouro, levou duas estatuetas: uma de melhor ator em drama (por “Sede de viver”, de 1956) e outra por sua filmografia, o prêmio especial Cecil B. DeMille.  

Pai de Michael Douglas, foi três vezes indicado ao Oscar e atuou em 'Spartacus', 'A montanha dos 7 abutres' e 'Sede de viver', pelo qual ganhou um Globo de Ouro. O galã de “Spartacus” (1960) ficou afastado depois que passou a ter dificuldades para falar, devido ao AVC.

O filho e também ator Michael Douglas lamentou a morte do pai, por meio de um comunicado para a revista "People": "É com tremenda tristeza que, meus irmãos, anuncio que Kirk Douglas nos deixou hoje aos 103 anos."
"Para o mundo, ele era uma lenda, um ator da idade de ouro dos filmes que viveu seus anos dourados, um humanitário cujo compromisso com a justiça e as causas em que ele acreditava estabeleceram um padrão que todos nós temos que buscar", completou Michael.

Kirk trabalhou em mais de oitenta filmes. Ele deixa sua esposa Anne, três filhos e sete netos.

Globo de Ouro 2020- Confira os vencedores da premiação
 
06/01/2020
Na noite de ontem (5/01/2020), a temporada de premiações
hollywoodianas começou com a entrega da 77 edição do Globo de Ouro.  Entre filme e série, muitas celebridades estiveram presentes no evento, como a diva Beyoncé e o fofíssimo Tom Hanks.Teve Jason Momoa, Brad Pitt e Leonardo DiCaprio apresentando uma categoria juntos e ainda o emocionante discurso de Kate McKinnon ao entregar o prêmio Carol Burnnet para Ellen DeGeneres
No total, foram 25 categorias premiadas, sendo 14 delas de cinema e 11 de TV. Ricky Gervais foi o apresentador pela quinta vez.
A cerimônia de entrega dos prêmios aconteceu em Los Angeles e foi promovida pela Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood (HFPA, na sigla original).
Veja a lista dos vencedores:

Melhor Filme - Musical ou Comédia
Melhor filme Drama                                   Era uma Vez em Hollywood
O irlandês”                                                                               "Jojo Rabbit"
“História de um casamento”                                                          Rocketman
1917”                                                                                     Meu nome é Dolemite
“Coringa”
“Dois Papas”                                                         

                                                                     ”Melhor atriz de filme – Drama”
 Melhor Ator de filme -Drama                                                                                   Cynthia Erivo (“Harriet”)
  Cristian Bale("Ford V Ferrari")                                                                               Scarlett Johansson (“História de um casamento”)
  Antonio Banderas("Dor e Glória")                                                                                  Saoirse Ronan (“Adoráveis Mulheres”)
  Adam  Driver ("História de um Casamento')                                                                     Charlize Theron (“O escândalo”)
  Joaquin   Phoenix  ("Coringa)                                                                                  Renée Zellweger (“Judy - Muito Além do Arco-Íris”)
  Jonathan Pryce (“Dois papas”)
                             
      Melhor ator em filme - Musical ou Comédia                Melhor Atriz em filme- Musical ou Comédia         
                 Daniel Craig (“Entre facas e segredos”)                                                        Awkwafina (The Farewell)
     Roman Griffin Davis (“Jojo Rabbit”                                                                            Ana de Armas ("Entre facas e segredos")
Leonardo DiCaprio (“Era uma Vez em... Hollywood”)                                                    Cate Blanchett ("Cadê Você, Bernadette?")
       Taron Egerton (“Rocketman”)                                                                                 Beanie Feldstein ("fora de série")
   Eddie Murphy (“Meu nome é Dolemite”)                                                                     Emma Thompson("Late Nigtht")
                                                       Melhor ator coadjuvante em filmes
                                                                          Tom Hanks (“Um lindo dia na vizinhança”)
                                                                              Anthony Hopkins (“Dois papas”)
                                                                                      Al Pacino (“O irlandês”)
                                                                                         Joe Pesci (“O irlandês”)
                                                                                     Brad Pitt (“Era uma Vez em... Hollywood”)                                                              
   
Melhor diretor de filmes                                Melhor música para filmes                 Melhor animação
Bong Joon-ho "(Parasita")                                                   Beautiful Ghosts ("Cats")                                           "Frozen 2"
Sam Mendes("1917")                                                ("I"m Gonna) Love Me Again("Rocketman")                           "Como treinar seu dragão 3" 
Todd Phillips "(Coringa")                                                        Into the Unknown ("Frozen 2")                                    "Link Perdido"
Martin Scorsese (“O irlandês”)                                               Spirit (O Rei Leão")                                                         "Toy Perdido 4"
Quentin Tarantino (“Era uma Vez em... Hollywood”               Stand Up ("Harriet")

Melhor atriz coadjuvante em filmes                             Melhor  Roteiro  para Filme
Laura Dern (“História de um casamento")                             Noah Baumcach ("História de um Casamento")                               
Jennifer Lopez (“As golpistas”)                                                 Bong Joon-ho and Han Jin-won ("Parasita")    
Margot Robbie (“O escândalo”)                                               Anthony McCarten ("Dois Papas")
                                                                          Quentin Tarantino "( Era uma vez em Hollywwood")                                                                                                                                                     Steven Zaillian ("O Irlandês")
                                                                                                                                                                                                                                    Melhor atriz em série de TV - Musical ou Comédia                Melhor ator em série de TV - Musical ou Comédia
Christina Applegate (“Dead to Me”)                                                                        Michel Douglas (" O Método Kominsky")                                    
Rachel Brosnahan (“The Marvelous Mrs. Maisel”)                                                         Bill Hader ("Barry")
y')Kirsten Dunst (“On Becoming a God in Central Florida”)                                              Ben Platt (The Politician")
Natasha Lyonne (“Boneca Russa”                                                                               Paul Rudd ("Cara x Cara") 
Phoebe Waller-Bridge (“Fleabag”)                                                                                   Ramy Youssef ("Ramy")

Melhor ator em série limitada ou filme para TV       Melhor ator coadj. em série, série limitada ou filme para TV
Christopher Abbott (“Catch-22”)                                                                                             Alan Arkin (" O Método Kominsky")
Sacha Baron Cohen (“The Spy”)                                                                                                Kieran Culkin ("Succession")
Russell Crowe (“The Loudest Voice”)                                                                                                             Andrew Scott ("Fleabag")
Jared Harris (“Chernobyl”)                                                                                                              Stellan Skarsgard (Chernobyl")
Sam Rockwell (“Fosse/Verdon”)                                                                                                    Henry Winkler '(Barry")

Melhor série – Drama                                   Melhor Série - Musical ou Comédia
Big Little Lies”                                                                                   "Barry"
“The Crown”                                                                                      "Fleabag"
“Killing Eve”                                                                                "The Kominsky" Method"
“The Morning Show”                                                                     "The Marvelous Mrs.Maisel"
“Succession”                                                                                     "The Policia

Melhor filme em língua estrangeira                       Melhor Trilha sonora original para filmes 
The Farewell”                                                                                     Daniel Pemberton (" Brooklyn - Sem Pai Nem Mãe")
“Dor e Glória”                                                                                     Hildur Guanadóttir (" Coringa")
“Retrato de uma Jovem em Chamas”                                                  Alessandre Desplat ("Ador´veis Mulheres")
“Parasita”                                                                                             Thomas Nwman ("1917")
“Les Misérables”                                       

Melhor série limitada ou filme para TV         Melhor atriz em série limitada ou filme para TV
Catch-22″                                                                                             Katlyn Dever ("Inacreditável")
 “Chernobyl”                                                                                                   Joey King (The Act")
“Fosse/Verdon                                                                                              Helen Miren (" Catarina, a grande") 
 "The Loudest Voice"                                                                                           Merrit Wever (" Unbelievable")
 “Inacreditável”                                                                                                     Miclelle Williams (" Fosse/Verdon")

Melhor atriz coadjuvante em série, série limitada ou filme para TV           Melhor atriz em série de TV - Drama
Patricia Arquette (“The Act”)                                                                                                                 Jennifer Aniston(" The Morning Show")
Helena Bonham Carter (“The Crown”)                                                                                                  Olívia Colman (" The Crown")
Toni Collette (“Inacreditável”)                                                                                                              Jodie Comer ("Killing Eve")
Meryl Streep (“Big Little Lies”)                                                                                                             Nicole Kidman ("Big Little Lies")
Emily Watson (“Chernobyl”)                                                                                                                 Resse Witherspoon (" Big Little Lies
                                              Melhor ator em série de TV – Drama
                                                                                 Brian Cox (“Succession”)
                                                                      Kit Harington (“Game of Thrones”)
                                                                                  Rami Malek (“Mr. Robot”)
                                                                      Tobias Menzies (“The Crown”)
                                                                                   Billy Porter (“Pose”)
JUDY : MUITO ALÉM DO ARCO-ÍRIS
Por FARID ZAINE
farid.cultura@uol.com.br

Judy Garland foi uma grande cantora e grande atriz. Sua história está indelevelmente marcada e eternamente associada à personagem de "O Mágico de Oz", Dorothy. Ao longo de sua breve e conturbada vida, ela não se deu conta de quantas vezes precisou cantar "Over The Rainbow", a bela canção que atravessou décadas fazendo sucesso e continua até hoje sendo regravada e cantada de todas as formas. A menina que anda pela "estrada dos tijolos amarelos", que calça sapatos de rubi, que é acompanhada por estranhos e divertidos amigos, descobre a verdadeira felicidade com o retorno ao lar. Em "Judy- Muito Além do Arco-Íris", é justamente o período em que a estrela, afundada em dívidas, com problemas de relacionamento, sem casa para morar com os filhos, precisa deixá-los para ir a Londres tentar ganhar dinheiro justamente para volta e reconstruir seu lar. Há coisas na vida de Judy Garland que parecem coincidências com seus filmes, algumas delas premonitórias. Primeiro, essa volta ao lar tão festejada, que é o mote de "O Mágico de Oz", depois o seu último filme, "Na Glória a Amargura" (I Could Go On Singing), em que ela tenta a guarda do filho que está com o ex-marido, interpretado por Dirk Bogarde. É essa parte da vida de Garland, os seus últimos e complicados anos, que é o foco principal de "Judy", ainda que muito de sua história pregressa apareça em flashbacks que revelam a origem dos seus traumas e dramas e de sua dependência de álcool e barbitúricos, o que enfim à levaria à sua morte prematura, aos 47 anos.
 
"Judy - Muito Além do Arco-Íris" tem o grande mérito de colocar em cena novamente, para o mundo, o talento de Judy Garland. E quem é responsável por reviver a estrela com entrega total e incrível competência, é Renée Zelwegger, não por acaso a favorita ao Oscar de Melhor Atriz desta edição, como merecedora de todos os prêmios que vem arrebatando, incluindo o Globo de Ouro. 
Zelwegger carrega todo o filme, compondo com perfeição a figura de Garland, desde os mais corriqueiros movimentos de corpo até a forma dramática e intensa de se apresentar num palco. A grande performance de Zelwegger, que canta os sucessos de Judy Garland, está em fazer que se veja a personagem retratada por inteiro, sem que em nenhum momento se deixe de ver também a atriz que a interpreta. Biografias de artistas sempre rendem bons filmes e dão ótimas oportunidades a atores e atrizes para que se dediquem ao máximo na composição dos biografados. Neste ano mesmo Taron Egerton, ignorado no Oscar, ganhou o Globo de Ouro pela sua extraordinária atuação como Elton John em "Rocketman". Marion Cotillard encantou o mundo com sua assombrosa composição de Edith Piaf no longa "Piaf- Um Hino ao Amor", que lhe deu o Oscar de Melhor Atriz em 2008. Cotillard dublava Piaf com perfeição, mas era dublagem. Zelwegger canta, o que é um grande desafio, uma vez que as gravações originais de Judy Garland estão muito acessíveis a todos, incluindo vídeos de suas apresentações em Londres, no período retratado pelo filme. 
Renée Zelwegger já ganhou um Oscar por “Cold Mountain” em 2004,mas como coadjuvante. Agora é sua vez, após um período de afastamento voluntário do cinema, em que viveu problemas pessoais, de dar a volta por cima e sair da 92ª cerimônia de entrega do mais cobiçado prêmio do cinema como a grande vencedora, no dia 9 de fevereiro, mesmo tendo a concorrência de grandes atrizes em ótimos papéis no Oscar 2020. Sua perfeita caracterização física também rendeu ao longa uma indicação a Melhor Maquiagem.
“Judy – Muito Além do Arco-Íris” , dirigido por Rupert Goold, sem ser um grande filme, merece um lugar de destaque entre as boas cinebiografias, e Renée Zelwegger já fez história recriando a figura ímpar de Judy Garland, um dos ícones da era de ouro de Hollywood, e revelando detalhes de sua curta e tempestuosa vida, mas que deixou para a música e o cinema um legado de talento imensurável. 

Cotação: ****MUITO BOM


1917 : Correndo entre trincheiras
Por FARID ZAINE
farid.cultura@uol.com.br


Com o lançamento de “1917”, as apostas para o Oscar 2020 tomaram outro rumo. As surpreendentes vitórias do longa de Sam Mendes como “Melhor Filme Dramático” e dele próprio como “melhor diretor”no Globo de Ouro chamaram a atenção para um filme que, até então, não significava uma ameaça a “Coringa”, “Era Uma Vez em ...Hollywood”, “O Irlandês” ou ao incensado sul-coreano “Parasita”, aliás todos ótimos filmes em uma safra excelente. “1917” ficou com dez indicações, número igualado por “O Irlandês” e “Era Uma vez em...Hollywood”.
 Com o avanço da temporada de prêmios e a consagração como melhor filme dada pelo PGA (Producers Guide of America), uma escolha dos produtores de cinema de Hollywood, “1917” arranca na corrida com uma cabeça à frente do longa de Tarantino.
Premiações à parte, “1917” merece todos os aplausos. Construído meticulosamente, a partir de um milimétrico planejamento, o filme causa a impressão de ser apenas um único plano-sequência, talvez o principal trunfo de “Birdman”, que faturou o Oscar principal em 2015. Sam Mendes é o grande responsável por essa proeza técnica que entrega ao público um filme de guerra que já nasce clássico. A guerra, aqui, ganha uma dimensão trágica e bela, ao mesmo tempo. A fotografia é extraordinária e fundamental para o resultado final do longa. Roger Deakins, que já venceu recentemente por “Blade Runner 2049”, é o favorito da categoria.
A história narrada em “1917” é simples: na Primeira Guerra, no ano de 1917, em terreno francês, soldados ingleses entrincheirados enfrentam o exército alemão. Por rompimento das comunicações entre os destacamentos, dois soldados ingleses recebem a complicada missão de levar uma mensagem a um comandante, colocando fim a um ataque aos alemães, que preparavam uma cilada para causar a morte de 1.600 combatentes ingleses, incluindo o irmão de um dos mensageiros. A partir do instante que os dois começam sua jornada, o espectador acompanha cada passo dessa corrida contra o tempo e os imprevistos de um território perigoso, sempre prestes a apresentar um cenário cada vez mais aterrador. Visualmente impactante, essa viagem nos leva a acompanhar os dois soldados por trincheiras estreitas e sufocantes, numa travessia que revela uma tenebrosa mistura de corpos em decomposição, lama e ratos. Numa sequência especialmente espetacular, os dois amigos tentam escapar do impacto da queda de um avião inimigo que vem em direção a eles, e é como se esse avião fosse explodir no colo da plateia. 
 “1917”, sem que o filme entre em detalhes sobre as razões do conflito, faz um recorte doloroso desse período da Primeira Guerra, através de uma história simples, mas que carrega todos os componentes que fazem a emoção do gênero: violência, insanidade, impotência, solidão, saudade... mas também humanismo e solidariedade. Toda essa mescla de elementos está aqui acentuada pela exuberante e dramática trilha sonora de Thomas Newman, que só pode ser superada no Oscar pelo exemplar trabalho da islandesa Hildur Guonadottir em “Coringa”.
Acompanhando os passos dos dois soldados, ou de um deles apenas, correndo com eles sob chuva de bombas, sofrendo numa claustrofóbica passagem subterrânea, o espectador de “1917” tem a nítida e física sensação de estar dentro do filme. Por isso, ao final, deseja sentar-se com o protagonista sob uma árvore, descansar à sua sombra e deixar rolar uma lágrima de alívio.
“1917” coloca Sam Mendes novamente no mesmo patamar de grandes diretores, e traz sua obra num ano em que Scorsese brilha com “O Irlandês”, seu melhor filme do gênero; em que Tarantino constrói seu impecável “Era Uma Vez em...Hollywood e em que Bong Joon-Ho chama a atenção para o cinema da Coreia do Sul com seu desconcertante “Parasita”. Tudo leva a crer que Mendes levará o Oscar de Melhor Diretor, pela perseguição do perfeccionismo que o conduziu ao magnífico produto final que é “1917”. Num ano em que fortes indicados ao Oscar de Melhor Filme como “O Irlandês” e “História de Um Casamento”, da Netflix, foram produzidos para serem vistos em casa, na tela da TV, nada como ver “1917” no lugar onde esse filme merece brilhar: uma sala de cinema muito bem equipada, com uma tela que consiga abraçar o seu tamanho.

Cotação: *****ÓTIMO


Oscar 2020 : Temporada de ótimos concorrentes
por FARID ZAINE
farid.cultura@uol.com.br

Quando foram anunciados os indicados ao Oscar 2020, na segunda-feira, 13, a maioria considerou uma surpresa o filme sul-coreano “Parasita” ter recebido 6 indicações. Quando vi o filme, em outubro, na minha avaliação já considerei que era o favorito como melhor filme internacional, mas que poderia também ser indicado a melhor roteiro, melhor direção de arte e melhor direção. É que “Parasita” realmente é um dos grandes filmes do ano, aliás um ano de muitos filmes excelentes, o que torna a briga pelo Oscar muito mais acirrada. 
A Netflix , que no ano passado tinha “Roma” ainda mais surpreendente que “Parasita”, com 10 indicações, não viu o filme de Alfonso Cuarón levar o Oscar principal, de Melhor Filme, perdendo para o inferior “Green Book”. “Parasita” deve levar o de Melhor Filme Internacional, a única grande certeza entre suas 6 indicações, apesar do avanço do nome de Bong Joon-Ho como diretor e roteirista.
Era esperado que “Coringa” (Joker) recebesse muitas indicações, incluindo a “barbada” do ano que seria o prêmio de Melhor Ator para Joaquin Phoenix, mas não que superasse “O Irlandês”, “1917” e “Era Uma Vez em...Hollywood” , que obtiveram 10 indicações contra 11 do filme de Todd Philips. Joaquin Phoenix só perderá o Oscar caso seu discurso no Globo de Ouro tenha irritado os membros da Academia. Na ocasião, Phoenix, que gosta de uma polêmica, colocou seu Globo no chão e criticou a premiação, dizendo que era mais uma forma da indústria cinematográfica ganhar mais dinheiro. Uma das grandes forças de “Coringa”, além da soberba interpretação de Phoenix, é sua trilha sonora, vencedora também do Globo de Ouro. Quem assina essa trilha é Hildur Guonadóttir, compositora islandesa que vem apresentando notáveis trabalhos e já se tornando uma referência na área. É dela a contundente trilha de “Chernobyl”, da HBO, de longe a melhor série de 2020 na TV.
O Irlandês” (The Irishman) , maior aposta da Netflix do ano, com 10 indicações, é um dos melhores filmes do gênero nos últimos anos, e uma confirmação da genialidade de Martin Scorsese. Um grande reconhecimento às qualidades técnicas do longa é sua indicação a Melhores efeitos visuais, pelo incrível processo de rejuvenescimento de suas personagens principais, interpretadas por De Niro, Pacino, Pesci e Keitel. Mas nessa categoria concorre com pesos-pesados como “Vingadores: Ultimato” e “Star Wars - A Ascensão Skywalker”.
Era Uma Vez em ... Hollywood” , com suas 10 indicações, é outro que não foi surpresa. Aclamado pela crítica, já deu a Tarantino o Globo de Ouro de Melhor Roteiro, foi escolhido como “Melhor Filme de Comédia ou Musical” e deu a Brad Pitt o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante. O longa é um dos favoritos da atual temporada de premiações. Pitt, com excelente atuação, se ganhar o Oscar da categoria terá uma vitória extraordinária, pois concorre com Al Pacino, Joe Pesci, Anthony Hopkins e Tom Hanks. Parada duríssima.
Fernando Meirelles não foi indicado a Melhor Diretor, mas “Dois Papas” teve 3 merecidíssimas indicações (roteiro adaptado, ator para Jonathan Pryce e ator coadjuvante para Anthony Hopkins).
Outra aposta da Netflix,História de Um Casamento” (Marriage Story), tem árdua tarefa para levantar alguma vitória dentre suas 6 indicações. A estupenda Scarlett Johansson enfrenta a dura concorrência com Renée Zelweger, magnífica como Judy Garland no longa “Judy”, e favorita. Adam Driver também está sensacional, mas seu concorrente é nada mais nada menos que Joaquin Phoenix como o “Coringa”. Aqui o embate mais equilibrado será na categoria de Roteiro Original, quando “História de Um Casamento” tem à frente o já celebrado trabalho de Tarantino em “Era Uma Vez em...Hollywood”.
O outro campeão de indicações, “1917”, deu a Sam Mendes o Globo de Ouro de Melhor Diretor e o filme desbancou também os favoritos a Melhor Filme de Drama, batendo “O Irlandês” e “História de Um Casamento”. “1917” deve ter reconhecimento principalmente pelas qualidades técnicas, incluindo edição, fotografia, som e mixagem de som,e pode surpreender como no Globo de Ouro, vencendo nas principais categorias e configurando, assim, mais derrotas para a Netflix.
Os grandes esnobados do Oscar foram Taron Egerton, melhor ator de comédia ou musical por “Rocketman”, no Globo de Ouro, e Awkwafina, melhor atriz na categoria por “The Farewell”. Ambos excepcionais em suas atuações, foram solenemente esquecidos, assim como Jennifer Lopez, elogiadíssima por “As Golpistas”, e Eddie Murphy, com grande atuação em “Meu Nome é Dolemite”. Difícil é saber quem sairia da lista dos indicados para entrar um dos esnobados.
Jojo Rabbit” e “Adoráveis Mulheres” têm 6 indicações cada. Scarlett Johansson, se perder como atriz principal para Renée Zelwegger, enfrentará ainda concorrência mais pesada como coadjuvante de “Jojo Rabbit”, pois precisará vencer a favorita, Laura Dern, brilhante como a inescrupulosa advogada de “História de Um Casamento”. Já em “Adoráveis Mulheres”, a força está no roteiro adaptado, que a própria diretora, Greta Gerwig, escreveu, em mais uma adaptação da obra de Louisa May Alcott. Saoirse Ronan, em sua quarta indicação, está numa das categorias mais concorridas, com Scarlett Johansson, Renée Zelwegger, Charlize Theron e Cynthia Erivo pela frente, todas com atuações espetaculares.
Quanto à presença brasileira, podemos celebrar o sucesso de “Dois Papas”, com três indicações, o que reforça o prestígio de Fernando Meirelles, embora ele tenha ficado de fora como melhor diretor. Já o documentário de Petra Costa ,“Democracia em Vertigem”, ganhou grande notoriedade por estar entre os cinco indicados da categoria, onde nem figurou um dos filmes tidos como favoritos, “Apollo 11”. O documentário brasileiro também enfrenta forte concorrência, principalmente do filme “American Factory”.
Vem aí a entrega do mais esperado e famoso prêmio do cinema. Até 9 de fevereiro, quando acontece a cerimônia, muita conversa vai rolar sobre o Oscar 2020. 



Parágrafo Novo
Democracia em Vertigem é indicado ao Oscar 2020

13/01/2020
O documentário Democracia em Vertigem é um filme brasileiro, dirigido por Pietra Costa, que fala sobre do processo que tirou Dilma Roussef da Presidência do Brasil  em 2016, a partir de um ponto de vista pessoal, misturando sua história familiar com a trajetória política do país. A história começa a ser contada a partir do primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, e segue analisando a posterior crise política no Brasil. 
A cerimônia acontece em 9 de fevereiro de 2020 8:30 PM BRT
O FAROL
Por Farid Zaine
farid.cultura@uol.com.br

O que mais impressiona em “O Farol”,o novo longa de Robert Eggers, diretor do aclamado “A Bruxa”, é a exuberante fotografia em preto e branco, sempre dramática e fundamental para a criação do clima sufocante que atravessa o filme inteiro. Uma dupla afinadíssima de atores, o veterano Willem Dafoe e o jovem Robert Pattinson, travam intenso duelo de interpretações que geram momentos de alta tensão e outros até engraçados. A história é a de dois homens que precisam passar 4 semanas numa pequena ilha, mantendo em funcionamento um farol. O local é isolado, rochoso, o mar é permanentemente tempestuoso. Dafoe compõe o velho faroleiro, Thomas Wake cheio de experiências, que impõe ao mais novo Ephraim Winslow (Pattinson) as tarefas mais árduas, enquanto ele se fecha em seus segredos.
 A solidão e o isolamento despertam em Wake e Winslow os aspectos mais humanos e os mais animalescos. Os animais, aliás, são presença constante, principalmente gaivotas assustadoras que têm relevância na narrativa. O que é real? O que é delírio? Sem concessões, Eggers mergulha num universo de sombra e luz, onde a sombra predomina. Ondas furiosas arrebentando sobre rochas, os sons da natureza selvagem acentuados por vigorosa trilha sonora,somam-se às imagens para construir a obra minuciosamente planejada pelo diretor. Claustrofóbico, “O Farol” sufoca até pelo seu formato reduzido, um quadrado na tela , nos moldes dos filmes mudos do período retratado, os anos 1870. 
O Farol” (The Lighthouse) não é um um filme fácil. O espectador será levado ao incômodo de penetrar , por quase duas horas, num cenário sujo e violento. Mais do que isso, entrará no inferno de suas personagens , quando essas trazem à tona seus demônios. Willem Dafoe, com seu vasto e consagrado currículo, apenas confirma seu talento. A surpresa é ver Pattinson, o eterno vampiro Edward Cullen da saga “Crepúsculo”, totalmente despido de sua decantada beleza, para exibir apenas o talento de ator.

Cotação: *****ÓTIMO

O PARAÍSO DEVE SER AQUI
Por Farid Zaine
farid.cultura@uol.com.br


Poucas pessoas são capazes de indicar um filme oriundo da Palestina. A região, bem no coração dos eternos conflitos pela criação de um estado palestino reconhecido, é difícil de ser compreendida geográfica e politicamente. Um dos trunfos de “O Paraíso Deve Ser Aqui” é mostrar o cotidiano de um palestino, seu olhar sobre sua terra e sua gente confrontado com o olhar sobre o resto do mundo. Elia Suleiman dirige o longa e é seu principal intérprete. A história é uma comédia de erros muito saborosa, com bela fotografia e trilha sonora envolvente. Suleiman cria situações inusitadas e absurdas para ilustrar sua visão sobre a questão territorial entre Israel e Palestina, bem como sobre o resto do mundo, representado por Paris e Nova York. A falsa impressão de paz é mostrada numa Paris vazia, sem ninguém pelas ruas, com um silêncio que depois é cortado pela presença de tanques de guerra atravessando a cidade. Já em Nova York, a população armada, homens mulheres e crianças portando armas de fogo, a crítica é mais clara. Uma cena engraçada mostra um motorista de taxi empolgado por, ao transportar Suleiman, finalmente conhecer um palestino. O diretor aí brinca com a própria identidade e sua origem.
O Paraíso Deve Ser Aqui” (It Must Be Heaven) representou Israel no Oscar 2020, mas assim como o Brasil, ficou de fora da pré-seleção. Exibido num circuito restrito, dificilmente chegará aos cinemas do interior, mesmo destino de filmes importantes que só podem ser vistos em salas específicas nas grandes capitais ou quando chegam ao streaming. No caso do filme de Suleiman, reconhecer o próprio lugar onde se vive como o paraíso, valorizando seus semelhantes e sua cultura, parece ser uma lição já muito repetida no cinema, desde os tempos inocentes em que Dorothy retorna de Oz para seu lar.

Cotação: ****MUITO BOM 


Apostas da Netflix para o Oscar 2020
por Farid Zaine
farid.cultura@uol.com.br


Após as 10 indicações ao Oscar 2019 par “Roma”, de Alfonso Cuarón, e os três prêmios dados ao longa mexicano, a Netflix parece disposta a romper cada vez mais barreiras e apostar alto nas premiações da Academia, o que confere visibilidade e credibilidade aos seus produtos. Várias obras da gigante do streaming já estão disponíveis ou chegam logo aos assinantes.

O Rei” traz a história de Henrique V, com adaptações de tragédias de Shakespeare, sob a batuta de David Michôd. Na pele do jovem monarca inglês temos o disputado Thimothée Chalamet, o ator que encantou o mundo no solar “Me Chame Pelo seu Nome”, Oscar de melhor roteiro adaptado em 2018. Chalamet é, de fato, o novo reizinho do cinema. Com agenda lotada, ele mergulhou na profissão precocemente e dá conta do recado. Em “O Rei”,ele está presente o tempo todo, imprimindo ao longa sua imagem adolescente a uma personagem mais velha, sem perder o tom. Chalamet consegue os olhares e expressões faciais que falam mais que as palavras na criação de Henrique V, que ascende ao trono sem desejá-lo e é lançado à guerra contra a França, quando busca a paz.

A trama , como convém a uma história dessa natureza,é cheia de dramas pessoais, conflitos, tragédias e traições. Com uma fotografia espetacular e excelente direção de produção, “O Rei” conquista pela suntuosidade cênica , principalmente na recriação da batalha de Azincourt, quando homens, armaduras,cavalos, flechas, chuva e lama se misturam ao sangue dos soldados em cenas de grande violência. Não faltam comparações com cenas muito semelhantes de “Game of Thrones”, da HBO. Nem por isso “O Rei” deixa de ser uma opção muito boa e uma ótima aposta da Netflix

Outro filme em cartaz na Netflix é “A Lavanderia”, com a presença sempre magnética e competente de Meryl Streep. Na direção, Steven Soderbergh, de sólida , reconhecida e premiada carreira .Na trama,que mistura drama e comédia, Streep tem como companheiros de elenco Gary Oldman e Antonio Banderas. Com ágil e original edição, “A Lavanderia” também entra na lista dos prováveis indicados a alguma categoria do OSCAR 2020.

Cotação: ***BOM

Mas as estreias que vêm por aí parecem ser as maiores apostas da Netflix no Oscar, como “O Irlandês”, de Martin Scorsese, disponível a partir de 27 de novembro, e “História de um Casamento”, de Noah Baumbach (Marriage Story), a partir de 6 de dezembro,com Adam Drive e Scarlett Johansson. Já “Os Dois Papas”,dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles, fica disponível no dia 20 de dezembro.
Como se vê, as coisas estão mesmo mudando bastante no mundo do cinema, e não é de agora.

Dois Papas fascinantes e um musical nem tanto
Por Farid Zaine
farid.cultura@uol.com.br

Fernando Meirelles tem um invejável currículo que inclui a direção de "Cidade de Deus", para a qual foi indicado ao Oscar de Melhor Diretor em 2004. Nome já conhecido e respeitado em Hollywood, o diretor brasileiro chega agora a um ponto muito importante da carreira, quando "Dois Papas" (The Two Popes) é lançado, primeiro em alguns cinemaspara cumprir normas das regras para concorrer ao Oscar, depois disponibilizado no streaming, na Netflix desde 20 de dezembro. O impacto foi imediato. "Dois Papas" tem sido um dos mais comentados lançamentos do ano na Netflix, no mesmo período em que chegaram ao público a obra-prima "O Irlandês", de Martin Scorsese e "História de Um Casamento", o elogiado drama de Noah Baumbach. Os três estão indicados em várias categorias no Globo de Ouro e vêm fortes para o Oscar.
"Dois Papas" é engraçado e emocionante, ao apresentar um longo encontro entre o Papa Francisco, desde que era o Cardeal Jorge Bergoglio, e Bento XVI, o alemão Joseph Ratzinger, o "rotweiller de Deus". Jonathan Pryce, tanto pela impressionante semelhança física com Francisco, quanto pela sua meticulosa e aparente rigorosamente estudada interpretação, é o contraponto perfeito à performance não menos brilhante de Anthony Hopkins, falando mais com seus penetrantes e duros olhos azuis do que propriamente com o caudaloso texto dos incríveis diálogos criados por Anthony McCarten no roteiro. A dupla funciona com perfeição, sem desprezar os coadjuvantes, todos ótimos. Fotografado com maestria, "Dois Papas" revela os suntuosos interiores do Vaticano e desvenda com criatividade e primorosa edição os bastidores da eleição de um Papa. Já havíamos visto algo semelhante no ótimo "Habemus Papam", de Nanni Mortetti, sobre a humanidade dos papas, mas o assunto aqui, por ser baseado em fatos reais muito recentes, traz um interesse a mais para o longa. 
"Dois Papas" não se detém apenas no encontro entre os cardeais, precedendo a eleição de Bento XVI, em que diálogos afiados fazem rir e emocionam. O flashback que mostra a vida pregressa de Jorge Bergoglio na Argentina, seus tempos de atuação como líder Jesuíta, sua passagem pelos duros tempos da terrível ditadura militar no pais vizinho e as marcas que esse tempo deixaram em sua vida e sua memória, é belo e triste, além de revelador, principalmente nas cores sombrias da fotografia em preto e branco. 
"Dois Papas" transita da leveza de um Papa abertamente torcedor de um time de futebol, vibrando na Copa do Mundo pelo seu país, para o pesado drama da violência da ditadura argentina, sem jamais perder o tom nem o ritmo. Interessante e cativante do começo ao fim, o longa de Meirelles também já provocou polêmica, fácil de imaginar que aconteça ao mexer com Igreja e política. Lançado nos últimos dias de 2019, "Dois Papas" ganhou de cara o selo de um dos melhores filmes do ano.

Cotação: Ótimo 
 
CATS
O gênero musical é um dos meus favoritos. Na lista dos meus melhores filmes de todos os tempos estão "Amor, Sublime Amor" (West Side Story) e "Cabaret", por exemplo. Dos recentes, o melhor é "La La Land", de Damien Chazelle, mas gosto bastante de "Les Miserables", a visão estonteante que Tom Hooper deu a esse grande sucesso dos palcos mundiais. Dos musicais , o que menos aprecio é "Cats", embora ache "Memory" uma das mais belas músicas criadas para o gênero. E não é que foi pela mãos de Hooper que "Cats" chegou ao cinema? O diretor , também consagrado por "O Discurso do Rei", Oscar de Melhor Filme e Melhor Diretor em 2011 , transporta para a tela grande um dos mais longevos e lucrativos musicais de Andrew LLoyd Weber. O orçamento de mais de 100 milhões de dólares, a história de sucesso da obra no teatro, o nome de peso do diretor, um elenco "all star" incluindo a dama Judy Dench, a estrela Taylor Swift, o galã Idris Elba e o aclamado Ian MacKellen, tudo isso parecia uma combinação que culminaria num sucesso inevitável. Pois não foi o que aconteceu. "Cats", desde o lançamento do primeiro trailer, vem recebendo um bombardeio de críticas negativas que só aumentaram quando do lançamento oficial nos cinemas. O filme é mesmo muito esquisito, para falar o mínimo. Não dá para ignorar a figura estranhíssima de gatos e gatas com as feições de astros e estrelas muito conhecidos. É até constrangedor ver figuras do porte de Judy Dench e Ian Mckellen se comportando como velhos felinos, ela se revirando num cesto e ele bebendo água à moda dos gatos. Um momento de salvação vem na interpretação de Jennifer Hudson, como Grizabella, para a linda “Memory”, já gravada por divas como Barbra Streisand, Elaine Paige e Susan Boyle, entre outras. A cenografia, a trilha sonora - incluindo uma canção original - e os efeitos visuais ajudam muito, mas não salvam “Cats” . Será moda, daqui pra frente, falar mal do filme e fazer piadas com seus gatos assexuados e de longas caudas, a bizarra cena da coreografia das baratas e muitas outras situações inusitadas. A curiosidade, enfim, levará ao cinema muitos fãs do musical no teatro.

Cotação:**REGULAR

História de Um Casamento
FARID ZAINE
farid.cultura@uol.com.br

Casamentos, divórcios, brigas conjugais, reconciliações, todos esses temas são muito recorrentes no cinema. Mas raras vezes o tratamento dado a uma separação foi tão contundente quanto em "História de um Casamento", disponível na Netflix. O filme de Noah Baumbach, segundo notícias, tem muito a ver com a história particular do diretor, o que dá grande credibilidade ao ótimo roteiro escrito por ele. 

Estamos aqui diante de um casamento prestes a ser desfeito. O casal em questão aparece, de início, diante de um conciliador de casais em crise, em que ambos precisam ler o que um escreveu sobre o outro. A plateia sabe o que eles colocaram em seus textos, mas eles não sabem o que um escreveu sobre o outro. Na verdade, só coisas boas. Nenhum deles fará a leitura recomendada pelo conciliador.
O que terá acontecido na vida do casal para que cheguem ao divórcio? A relação de ambos extrapola a vida conjugal, pois ela é atriz e ele é diretor do grupo onde ela atua. Num dado momento da carreira de ambos, ele se vê às voltas com um importante prêmio e ela com a chamada para um programa de TV. Só que ele quer ficar em Nova York, cidade que ama profundamente, e ela precisa ir para Los Angeles, onde será gravada a série para a TV. Tudo bem, não fosse o fato de existir Henry, um garotinho irresistível, filho do casal. Quem ficará com Henry? Para onde deve ir? Ficar em Nova York com o pai ou ir para Los Angeles com a mãe? Não é uma questão simples de responder, e aí entrarão os advogados, que usarão de todos os meios para lustrar a imagem de seus clientes e sujar a dos oponentes.
 Atravessamos os 136 minutos de duração do longa entrando na pele de Nicole e de Charlie. Vamos sentindo o peso de suas histórias, carregando o fardo de uma relação inexoravelmente à beira do desgaste total e construindo nossa torcida ora por um, ora por outro. E não raro nos vemos torcendo também para que essa história tenha um final feliz. Essa mistura de sentimentos em que mergulhamos tem muito a ver com o roteiro extremamente bem costurado. Mas o essencial no filme de Baumbach é o elenco espetacular. Difícil imaginar o mesmo filme sendo feito por outra dupla que não seja a formada por Sacarlett Johansson e Adam Driver. Eles estão soberbos como o casal que se apoia e se destrói com a mesma intensidade. Há cenas tão perturbadoras que é preciso vê-las mais de uma vez, dada a carga dramática que os dois precisam conferir aos diálogos em vários momentos. O próprio Baumbach confessou que, durante a filmagem da cena mais intensa de discussão entre Nicole e Charlie ,que levou dois dias para ser completada, ele saía para andar e tirar dos ombros a exaustão causada pela tensão daqueles momentos.
Não é à toa que "História de Um Casamento" está na lista dos possíveis indicados ao Oscar 2020 em várias categorias, mas com certeza absoluta nas de ator e atriz. Não dá para esquecer também a sensacional performance de Laura Dern como Nora,a advogada de Nicole. 
É justo lembrar os coadjuventes, além de Laura Dern, que está magnífica como a advogada de poucos escrúpulos: são eles a atrapalhada mãe de Nicole, vivida com muita graça por Julie Hagerty, os advogados de Charlie (Alan Alda e Ray Liotta) e a impagável performance de Martha Kelly como a avaliadora das relações de Nicole e Charlie com o filho Henry, o também adorável Azhy Robertson.
As qualidades técnicas de História de Um Casamento também são notáveis, destacando-se a trilha sonora. O longa foi o campeão de indicações ao Globo de Ouro, em 6 categorias: Melhor Filme (Drama), Melhor Atriz (Scarlett Johansson),Melhor Ator (Adam Driver), Melhor atriz coadjuvante (Laura Dern), Melhor Roteiro (Noah Baumbach) e Melhor Trilha Sonora. No número de indicações já leva vantagem sobre os outros pesos-pesados da Netflix (“O Irlandês”, de Martin Scorsese,teve 5 indicações e “Dois Papas”,do brasileiro Fernando Meirelles, teve 4). Surpresa foi Baumbach não ter sido indicado a Melhor Diretor. Ele, que já obteve amplo reconhecimento por “A Lula e a Baleia” e “Frances Ha” e outros filmes, fica no meio do caminho entre os gênios de Woody Allen e Ingmar Bergman,cada um a seu modo falando das relações entre casais. Ele chega até Allen, mas será mais complicado chegar até Bergman, o diretor de um dos mais contundentes filmes sobre separação de um casal, “Cenas de Um Casamento”.
História de Um Casamento” (Marriage Story) promete prosseguir numa carreira bem-sucedida, tanto na acolhida pela crítica, quanto nas bilheterias, onde já vai bem. Resta saber o quanto vai render na atual temporada de premiações, até o momento culminante, em fevereiro, quando o Oscar dá seu veredito final.

Cotação: ****MUITO BOM


O IRLANDÊS
por Farid Zaine
farid.cultura@uol.com.br

Com a chegada de “O Irlandês” (The Irishman), de Martin Scorsese, a Netflix consolida seu propósito de lançar grandes filmes na plataforma, após sua curta permanência em poucas salas de cinema , como mecanismo para poder concorrer ao Oscar, obedecendo as regras da Academia. Foi assim com “Roma” e “A Balada de Buster Scruggs” no ano passado e é agora com “O Irlandês”, “História de um Casamento” e “Dois Papas”, só para citar alguns. 
O Irlandês” vem fortíssimo na corrida ao Oscar 2020, mesmo após a polêmica criada pelo diretor ao dizer que os blockbusters sobre super-heróis das histórias em quadrinhos não são cinema. Já está nas listas de apostas e sites especializados como potencial indicado a Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (De Niro), Melhor Ator Coadjuvante (Joe Pesci) e Melhor Roteiro Adaptado, além das indicações técnicas para fotografia, direção de produção, figurinos, maquiagem e trilha sonora.
“O Irlandês” é baseado no livro de Charles Brandt “I Heard You Paint Houses” , que pode ser traduzido literalmente por “Ouvi dizer que você pinta casas”,alusão ao fato de que , ao estourar os miolos de um inimigo, a parede da casa seria pintada com o sangue da vítima.
“O Irlandês” já pode ser tratado como uma nova obra-prima de Scorsese, revisitando um gênero que ele domina plenamente, como pode ser visto em “Os Bons Companheiros” e “Cassino”. O diretor de tantos grandes filmes parece agora ter chegado à sua obra máxima, talvez por isso mesmo carregada de uma melancólica certeza de finitude. Em “O Irlandês”,atores já com mais de 70 anos dão um show de competência e talento, e não se negam à entrega total para compor personagens complexas, cujas vidas são mostradas no decorrer de três décadas. São os mesmos intérpretes, rejuvenescidos por uma técnica impressionante, que carregam seus papéis durante todo o longa, transformados em homens mais jovens, depois maduros e entrando na velhice. Robert de Niro, Joe Pesci e Al Pacino formam a trinca principal de atores excepcionais vivendo mais um momento magnífico em carreiras já tão sólidas e consagradas. 
Al Pacino vive Jimmy Hoffa, o poderoso presidente do Sindicato dos Caminhoneiros dos EUA, que após um período na prisão, deseja retornar ao seu posto. O desaparecimento dele, real, é um dos casos mais estudados – e nunca resolvidos - da história da polícia americana. Joe Pesci encarna brilhantemente o mafioso Russ Bufalino. Mas a história é contada por Frank Sheeran, veterano da Segunda Guerra que lutou na Itália, a partir do momento em que vai para um asilo. Frank é vivido por Robert de Niro, numa das interpretações mais elogiadas do ano. Ele pode levar o Oscar de Melhor ator se bater Joaquin Phoenix pela soberba performance em “Coringa”.
Scorsese nos envolve completamente nessa história repleta de reviravoltas, manipulações, vinganças, dinheiro, violência e poder. O Frank de Robert de Niro transita por toda a narrativa, ele próprio sendo o narrador. Vemos sua vida desenrolada tendo como cenário sua ascensão no mundo complicado dos sindicatos e da máfia. Ao longo da trama, com suas 3 horas e 29 minutos de duração, vemos a construção do relacionamento de Frank com Hoffa e Bufalino, principalmente, enquanto fatos historicamente relevantes do período surgem como um cenário inquietante, como a eleição de John Kennedy e depois o seu assassinato.
“O Irlandês” é belíssimo visualmente, com cenas de forte impacto como o assassinato na barbearia mostrado atrás de um enorme ramalhete de flores, depois confirmado em fotos de jornal, e nas explosões vistas sempre à distância. Logo na primeira sequência, a câmera passeia por longos corredores ao som da nostálgica “In The Still of the Night”, com The Five Satins, à medida que vamos notando que se trata de um asilo pra idosos, até que chega à figura de De Niro, quando ele prossegue uma narração que vinha de sua voz em off. É uma linda abertura.
“O Irlandês” mostra os bastidores dos sindicatos e da máfia destacando a efemeridade da vida. Poderosos aparecem na tela com as datas e motivos de suas mortes, como a acordar as pessoas todo o tempo para o fato de que todos morrem, os fracos, os fortes, os pobres, os ricos, os conquistadores e os conquistados, os traidores e os traídos. É inexorável. Esse sentimento perpassa por todo o longa, chegando ao clímax dramático e melancólico da última cena.
O Irlandês” merece todas as críticas altamente favoráveis que tem recebido desde seu lançamento, e certamente será um dos campeões de prêmios desta temporada. Produção milionária, tem um acabamento fabuloso, com perfeita recriação de época, direção de arte magnífica e uma montagem extraordinária. A trilha sonora também é notável. Ouvimos desde a brasileira “Delicado”, de Waldir Azevedo , embora no estranho arranjo de Percy Faith e sua Orquestra, até a romântica “Al-di-la”, canção italiana dos anos 1960 que ficou conhecida mundialmente, aqui cantada por um crooner durante uma festa num clube .
Com “O Irlandês”, Scorsese chega ao ponto culminante de sua carreira. Mas como ele é um dos maiores gênios do cinema de todos os tempos, o mundo pode esperar muito dele ainda, de seu prodigioso talento e de sua obstinação em desenvolver projetos ambiciosos.
Nota máxima para “O Irlandês” e seus velhos indomáveis.
Cotação: *****ÓTIMO


DOUTOR SONO
por José Farid Zaine
farid.cultura@uol.com.br


Um dos filmes mais marcantes dos anos 1980, “O Iluminado” (The Shining), volta à cena com tudo no noticiário cinematográfico. A adaptação da obra de Stephen King, dirigida por Stanley Kubrick, logo ganhou o status de obra-prima e não raro é incluída na lista dos melhores filmes de todos os tempos. Acontece que King não gostava da adaptação e deixou isso bem claro em entrevistas que deu. Agora o escritor se manifesta satisfeito com a continuação de “O Iluminado”, que chegou aos cinemas na quinta-feira, 7 de outubro. Trata-se de “Doutor Sono” (Doctor Sleep), uma continuação muito aguardada do já clássico do terror estrelado por Jack Nicholson, vivendo o escritor Jack Torrance , que enlouquece dentro do Hotel Overlook, um enorme edifício isolado no meio da neve. 
Em “Doutor Sono”, a história é retomada através de Dan Torrance, o garoto com visões perturbadoras, filho de Jack, agora adulto, alcoólatra e atormentado pelos fantasmas que nunca desapareceram de sua vida. O Danny maduro tem chance de rever sua história quando encontra uma garota, Abra, que tem poderes extrassensoriais, como ele, o chamado “brilho”. Dan e Abra conversam mentalmente, mesmo estando muito distantes um do outro. Eles se juntam para combater “Rose Cartola”, a bela e perversa líder de um grupo chamado “Verdadeiro Nó”, que busca a imortalidade através de se alimentar do “brilho” de inocentes que eles assassinam. O poder de Abra logo chama a atenção de Rose e seu bando, e ela precisa se associar a Dan para combatê-los.
Doutor Sono” é uma sequência eficaz. Usando imagens icônicas de “O Iluminado”, incluindo a recriação dos cenários impressionantes do Hotel Overlook, o longa dirigido por Mike Flanagan consegue ter vida própria, e pode ser compreendido mesmo pelo público que não viu o filme de Kubrick. Flanagan teve a seu favor a ótima interpretação de Ewan McGregor como Dan e a simpática parceria dele com Kyliegh Curran, a jovem atriz negra que faz Abra. A diabólica Rose encontrou sua imagem perfeita na atriz sueca Rebecca Ferguson, já bem conhecida por sua presença em filmes de aventura como “Missão Impossível” e no musical “O Rei do Show”.
Com trilha sonora impactante, fotografia espetacular e requintada direção de produção, “Doutor Sono” é um dos melhores filmes de terror do ano. Se não faz sombra à obra-prima de Kubrick de 1980, também não faz feio.

Cotação: ****MUITO BOM

Nossa vida invisível
Por FARID ZAINE
farid.cultura@uol.com.br

Karin Aïnouz é uma das preciosidades do cinema brasileiro. Sua capacidade de capturar os sentimentos das personagens, fazer com que seus atores e atrizes os entreguem ao público por inteiro, associando a paisagem viva à tradução desses sentimentos, é notável. Assim foi com o belo “A Praia do Futuro”, com Wagner Moura num desempenho dilacerante, juntamente com Jesuíta Barbosa. E assim é com “A Vida Invisível”, o melodrama que conquistou o prêmio de Melhor Filme da Mostra Um Certo Olhar” em Cannes deste ano e foi escolhido para ser o representante do Brasil na busca por uma vaga para disputar o Oscar 2020 de Melhor Filme Internacional.
Lindamente fotografado, com bela e apropriada trilha sonora, “A Vida Invisível” aprisiona o espectador na primeira sequência, e o mantém envolvido até o final desconcertante. Denso e comovente, como convém a um filme assumidamente melodramático - no melhor sentido do termo – o longa de Aïnouz traz para o cinema a história contada no romance de Marta Batalha A Ida Invisível de Eurídice Gusmão”,título acertadamente reduzido na adaptação para a tela grande. Duas irmãs, separadas quando jovens, não conseguem se encontrar, uma achando que a outra está vivendo maravilhosamente, sem que tenham a menor noção do que ocorre em seu cotidiano. Separações traumáticas, romances proibidos, cartas que não chegam, sacrifícios e privações, tudo está presente e misturado, como ingredientes comuns ao gênero, sem que jamais o filme sequer resvale pelo sentimentalismo barato e forçado. 
Carol Duarte, que dá vida à jovem Eurídice Gusmão do título do livro, e Júlia Stockler, que faz sua irmã Guida, têm interpretações irrepreensíveis e carregam com entrega total os seus papéis. É certo que a participação de Fernanda Montenegro é um luxo para o longa, pois ela está presente em poucos dos 140 minutos de duração do filme. É certo, porém, que vale a pena a longa espera para ver Fernanda, sempre um prêmio para qualquer plateia pelo soberbo talento que se sobrepõe a qualquer tempo de aparição.
“A Vida Invisível”estava numa lista de bons filmes da safra 2019 do cinema brasileiro analisados para se escolher o nosso representante no Oscar. Venceu outros fortes concorrentes, entre eles “Bacurau”, que ganhou o Prêmio do Júri em Cannes, na mesma edição em que ganhou a mostra Um Certo Olhar. Confesso que teria dificuldade em escolher o melhor entre os dois. A Comissão, que deve ter sofrido bastante, optou por “A Vida Invisível” acreditando mais na universalidade de sua comovente história, contra a violência com forte tempero regional de “Bacurau”. De qualquer forma, 2019 tem sido alentador para o cinema brasileiro, pela repercussão de vários filmes nacionais em festivais ao redor do mundo.
A Vida Invisível” fala muito sobre a condição feminina no Rio dos anos 1950, mas fala também do homem e suas fraquezas. As mulheres aqui são sofredoras, mas são fortes e determinadas. O sexo surge o tempo todo, como um fator de sobrevivência , e na maioria das vezes não há erotismo nem poesia nas relações mostradas. Há sempre, na exuberância da natureza onipresente e no cotidiano das irmãs separadas, uma sensação permanente de ausência, distanciamento, sentimento de perda. A condução da narrativa pelas mãos seguras de Aïnouz nos transporta para dentro dessa humana corrida de desencontros, e nos toca tão profundamente, que saímos do cinema com a sensação de termos, cada um de nós, uma vida que é invisível para alguém. Ao final da sessão, o nó na garganta se transforma em aplausos.

Cotação: *****ÓTIMO
Obs. “A vida Invisível” estreia nos cinema no dia 21 de novembro. Para esta crítica, o filme foi visto na 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.



O Parasita que vem da Coreia do Sul
por Farid Zaine
farid.cultura@uol.com.br

Cada vez mais presente nos festivais de cinema por todo o mundo, o cinema da Coreia do Sul tem tido recepção muito positiva pela crítica. "Parasita", o mais recente longa de Bong Joon-ho, diretor do terror "O Hospedeiro", do angustiante drama"Mother" e do polêmico"Okja", por ter sido levado a Cannes pela Netflix, venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes deste ano, a mesma edição em que os brasileiros "Bacurau", de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, e "A Vida Invisível", de Karin Aïnouz, sairam respectivamente com o Prêmio do Júri e da Mostra "Um Certo Olhar". 
“Parasita” foi um dos títulos mais aguardados da 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, e foi também um dos mais disputados na primeira semana do festival. A expectativa tinha razão de ser. "Parasita" é um filme extraordinário, merecedor de todos os aplausos que vem recebendo. Construído a partir de um tema muito recorrente, a pirâmide social, "Parasita" consegue abordar as diferenças de classes com uma história original e sempre interessante. O próprio Bong Joon-ho já tratou o tema da luta de classes no ótimo “O Expresso do Amanhã”
“Parasita” é uma mescla bem temperada de vários gêneros, incluindo humor negro, suspense, drama e terror. A história mostra uma família muito unida, com pai, mãe e um casal de filhos jovens, todos desempregados e vivendo em péssimas condições num bairro pobre de uma metrópole sul-coreana, mas que poderia ser qualquer grande cidade do mundo. Um primo, estudante de uma universidade conceituada, professor da filha de um poderoso industrial do ramo de tecnologia de informação, cede seu lugar ao jovem Ki-woo, através de um diploma forjado. A entrada de Ki-woo na mansão da família milionária, os Park, passa a gerar possibilidades de renda para os outros membros da família pobre, o que será conseguido através de tramas muito bem urdidas, mas perigosas. A esperteza dos membros da família Kim usada com os da família Park , não por acaso formada também por pai, mãe e um casal de filhos, gera os melhores momentos cômicos do roteiro, embora já se desenhe um inevitável futuro clima de tensão.Não dá para falar do desenrolar desse enredo sem dar spoiler, o que estragaria muito o que esse longa tem a oferecer.
“Parasita” é tão bem resolvido, que não é apenas um fortíssimo candidato ao Oscar de Melhor Filme Internacional (o antigo Melhor Filme Estrangeiro), como já aparece cotado em outras categorias em bolsas de apostas, como a de direção,fotografia, roteiro e design de produção . Pedras no caminho de “A Vida Invisível”, nosso candidato.
Após suas concorridas exibições na 43ª Mostra de Cinema de São Paulo, “Parasita” estreia no circuito comercial do Brasil no dia 7 de novembro, desde já atraindo a atenção dos cinéfilos de todo o país. Pode não atingir grandes plateias por aqui,mas por certo seu recado terá um eco muito significativo.
Cotação: *****ÓTIMO


PROJETO GEMINI
Por José Farid Zaine
farid.cultura@uol.com.br

Projeto Gemini” , o novo filme de Ang Lee, tem como atrativo principal ser também o novo filme de Will Smith, o que gerou expectativa de grandes bilheterias. Nesse aspecto tem sido derrotado por “Coringa”, que vem fazendo carreira extraordinária nos cinemas de todo o mundo. Smith é um dos atores mais bem pagos da história, e sua presença quase sempre é garantia de sucesso. Está em cartaz ainda com “Alladin”, no papel do Gênio, nessa outra aposta da Disney em remakes de animações agora com atores, direção de Guy Ritchie. 
Quando se fala de Ang Lee, muita coisa vem à memória , principalmente seu filme mais polêmico, o belo e amargo drama “O Segredo de Brokeback Mountain”, que lhe deu o Oscar de Melhor Diretor e trouxe Heath Ledger numa das mais impactantes interpretações masculinas de todos os tempos. “Brokeback Mountain” perdeu o prêmio de Melhor Filme para “Crash”, numa das mais injustas premiações do Oscar já vistas. Ang Lee voltou a ganhar o Oscar de direção com “As Aventuras de Pi”, este mais famoso por sua exuberância visual. Um terceiro Oscar para Lee foi dado para o Melhor Filme Estrangeiro (hoje chamado Melhor Filme Internacional),pelo ousado balé das lutas aéreas de “O Tigre e o Dragão”. Muitos outros prêmios em diversos filmes de sua carreira colocaram o taiwanês Lee na lista dos mais conceituados diretores do mundo.
Com toda sua biografia, Ang Lee sempre traz alguma novidade a cada lançamento. Desta vez não foi diferente. “Projeto Gemini” tem seu impacto na tecnologia usada pelo diretor, o chamado 3D+. Realmente salta aos olhos a qualidade visual do longa, uma aventura que coloca em cena Will Smith em duelo com um clone seu quando jovem. A personagem é Henry Brogan, um “assassino de elite”,considerado um dos melhores do mundo que, em vias de se aposentar, passa a ser perseguido para ser morto por seu próprio clone. A aventura gera bons momentos de grande impacto visual e de ação fulminante,como a melhor sequência, uma perseguição de motos pelas ruas da bela cidade colombiana Cartagena. Outro atrativo digamos, turístico,nos leva a Budapeste, onde a batalha entre o Brogan adulto e o jovem tem novo capítulo.
“Projeto Gemini” está longe de se tornar um marco na carreira de Lee, assim como foram seus melhores filmes. De qualquer forma, é um filme que diverte e tem como atrativo suas qualidades técnicas, principalmente visuais. O anunciado 3D+ realmente impressiona, então só recomendo que o filme seja visto numa boa sala , e jamais sem ser em 3D. Vale destacar o trabalho de computação que colocou frente a frente um Will Smith cinquentão com sua própria imagem rejuvenescida . E não muito mais que isso.

Cotação: ***BOM


Hebe vai ao cinema
Por Farid Zaine
Farid.cultura@uol.com.br

Pode causar estranhamento a quem foi ver "Hebe, o Musical", no Teatro, o filme de Maurício Farias que estreou na semana passada, "Hebe - A Estrela do Brasil". O musical de Arhur Xexéo dirigido por Miguel Falabella , tinha uma ótima intérprete, Débora Reis, para a apresentadora, num espetáculo que cobria a vida toda da atriz, da adolescência até sua morte, ocasionada por um câncer, em 2012. O filme de Farias faz apenas um recorte da vida de Hebe, mais precisamente no período dos anos 1980 em que ela saiu da Bandeirantes e foi para o SBT. Esse período foi marcado por posicionamentos polêmicos dela em seu programa, que exigia que fosse ao vivo. Atacando a corrupção na política e defendendo minorias, ela ganhou muitos desafetos e problemas na justiça. Hebe costumava dizer que não era de esquerda, nem de direita, que era "direta". O long a "Hebe - A Estrela do Brasil" tem foco justamente nessas posições políticas adotadas pela apresentadora, sem ignorar que mantinha sólida amizade com Paulo Maluf e sua família. Andréa Beltrão, embora não tenha semelhança física com Hebe, tem excelente desempenho, conquistando de cara a plateia. Marco Ricca é outro destaque no elenco, como o marido, Lélio, com quem a apresentadora teve sérios problemas domésticos, causados pelo excessivo ciúme dele. A vida pessoal de Hebe, suas declarações e seu decantado "protecionismo" aos gays, juntamente com sua complicada vida particular, tomam quase que por completo o conteúdo do roteiro. Ficaram faltando sequências que evidenciassem seu glamour, seu carisma, seus dotes de cantora, atriz, comediante. As relações com Walter Clark na Band e o encontro com Sílvio Santos no SBT, também poderiam ser mais aprofundados. Mesmo a famosa amizade com Lolita Rodrigues e Nair Bello, que poderiam render momentos engraçadíssimos, ficou apagada. Contudo, descontada a decepção pelo que não foi mostrado, o que temos é um bom filme, leal à sua proposta, tecnicamente bem feito e com elenco quase todo adequado. A vida de Hebe Camargo, de fato, não cabe num simples longa. Espera-se que a minissérie prometida pela Globo para 2020 corrija esse fato. Enquanto isso, o cinema brasileiro, que neste ano brilhou em Cannes com "Bacurau"- que já obteve mais de 500.000 espectadores no país - e "A Vida Invisível" - que estreia no fim deste mês -, quem sabe possa conquistar mais um bom público com "Hebe - A Estrela do Brasil". A biografada, com certeza, merece.
Cotação: ***BOM

Coringa”, o triunfo de Joaquin Phoenix
                Por Farid Zaine/farid.cultura@uol.com.br

A notícia de que Todd Phillips subiu ao palco e recebeu o troféu Leão de Ouro no Festival de Veneza, realizado entre fim de agosto e início de setembro deste ano, pelo filme “Coringa”, chegou a surpreender o mundo. Afinal, filmes sobre personagens de HQs não são comuns em premiações tão renomadas, que quase sempre incensam os grandes mestres do cinema mundial. Mas qualquer um que tenha ficado surpreso com o destino da maior láurea do prestigiado festival, logo vê que houve justiça: “Coringa”(Joker) é um grande filme, e a surpresa é ver que uma personagem conhecidíssima, o vilão que atordoa Gotham City e seu herói Batman, tenha sua origem dissecada de forma tão brilhante e inusitada. Vivido nas telas por grandes intérpretes como Jack Nicholson e Heath Ledger, o aterrorizante palhaço estava nas aventuras em que o protagonista era Batman, e ele aparecia para fazer, com suas peripécias diabólicas, o inferno do super-herói. Aqui não. Em “Coringa”, a vida de Arthur Fleck, que trabalha como palhaço em lojas durante o dia, e à noite exercita seu desejo de ser um comediante de sucesso, ganha contornos de tensão e dramaticidade nunca vistos num filme ligado a histórias em quadrinhos. Arthur Fleck um dia será o Coringa. Antes disso, porém, terá que amargar ser ignorado, humilhado e literalmente pisoteado pela vida numa Gotham City corrompida e cheia de gente pobre e revoltada, explorada por uma poderosa classe dominante. Todd Phillips dirige essa história que mistura amargo humor a um profundo drama psicológico, com absoluta categoria. Ele é também o hábil roteirista desse longa surpreendente e inspirador, carregado de trágica beleza. Mas nem a habilidade e o talento de Phillips chegariam a um resultado tão brilhante se não fosse a performance de Joaquin Phoenix no papel do Coringa. Phoenix está soberbo, no melhor momento de sua carreira. Corajoso e perspicaz, ele participou juntamente com o diretor, da criação desse Coringa. Deu palpites, estudou, pesquisou, e teve liberdade de gestar cuidadosamente a composição de tão complexa personagem. Da sua obstinação em emagrecer mais de 20kg para chegar à imagem desejada do Coringa, à criação de suas múltiplas risadas e de cada gesto milimetricamente pensado, Phoenix deu mostras de um talento raro. Não será difícil sua indicação ao Oscar 2020 de Melhor Ator, nem será exagero prever que sairá vencedor. Muitas outras qualidades serão lembradas na próxima edição do Prêmio da Academia, entre elas a direção, o roteiro, a fotografia, o figurino,a maquiagem, a estupenda trilha sonora e, por fim, o filme todo.
Há muitas referências em “Coringa”, e um diretor que bebe na fonte de Martin Scorsese, principalmente por “Taxi Driver” e “O Rei da Comédia”, só pode acrescentar um melhor tempero à sua receita original. Robert de Niro tem presença marcante como o apresentador de TV Murray FranKlin, aí escancarando a referência a Scorsese.
Ninguém se engane ao ir ao cinema esperando um filme nos moldes dos blockbusters sobre personagens de HQs: “Coringa” é um drama sombrio, e mesmo quando mostra as cores berrantes dos palhaços, elas têm ao fundo uma metrópole suja e escura,por onde andam os desprezados que pedem um olhar um gesto de afeto,um aceno de solidariedade,enquanto os ricos se escondem em suas imponentes mansões, como a da família de Bruce Wayne, o futuro Batman. Sobre esse mundo em decomposição é que se constrói a estranha e fascinante figura do Coringa. Seja bem-vindo esse “Palhaço do Crime” que foi o responsável pelo triunfo de Joaquin Phoenix, e por permitir a Todd Phillips que entregasse ao público esse filme memorável.

Cotação: *****ÓTIMO


“Yesterday”
Por José Farid Zaine-farid.cultura@uol.com.br


Danny Boyle ficou mundialmente conhecido pelo filme “Quem Quer Ser Um Milionário?” ( Slumdog Millionary), que foi indicado a 10 Oscars e ganhou 8 em 2009. Houve algumas polêmicas em relação ao filme, inclusive pela semelhança com algumas sequências de “Cidade de Deus”. O longa foi um grande sucesso e projetou também a figura do ator indiano Dev Patel. Agora,Boyle lança “Yesterday”, deliciosa comédia romântica diferente de tudo o que ele já fez, prova de sua versatilidade.
Partindo de uma ideia muito original , Boyle fez de “Yesterday” um dos filmes mais agradáveis dos últimos tempos. A ideia? De repente, por um fenômeno que ninguém explica, nem o roteiro , o mundo sofre um apagão, e muitas coisas são “deletadas” da história, incluindo a existência dos Beatles e sua obra. Mas um músico decadente, que conta apenas com a ajuda e o apoio de uma obstinada amiga, vê-se, após sofrer um acidente durante o estranho apagão, como o único a conhecer as músicas dos Beatles, as mais célebres canções já compostas na história da música pop universal em todos os tempos. Ideia fantástica desenvolvida com criatividade, elegância e delicadeza. 
Boyle acerta em quase tudo em “Yesterday”. Somente falar nos Beatles , sua história, sua música amada por todos, já é um ponto de partida que garante interesse imediato. Mas ele acertou muito no elenco, com destaque para Himesh Patel, que vive o fracassado músico e compositor Jack Malik, o que se descobre único a se lembrar da banda de Liverpool. A graciosa Lily James faz sua amiga,parceira e namorada, Ellie. Ed Sheeran faz ele mesmo, e é uma boa sacada sua participação. Kate MacKinnon faz Deborah com muita propriedade, encarnando a empresária que vê apenas e em tudo o dinheiro, o lucro. Ao propor um contrato com Jack, o suposto compositor de todas as obras-primas dos Beatles, ela promete a ele o “cálice de veneno” que é o sucesso: ele pode embriagar, dar a ilusão de felicidade plena, mas pode matar com muita crueldade. O diálogo entre Deborah e Jack, em que surge essa reflexão, é curto mas muito significativo sobre o poder devastador do sucesso.
“Yesterday”, no começo,quando retrata a luta inglória de Jack Malik para emplacar suas composições, mostrando o quão difícil e incerto é o caminho para a fama, lembra a trajetória de Llewin Davis, outro compositor fracassado, personagem do magnífico “A Balada de Um Homem Comum” (Inside LLewin Davis),dos Irmãos Coen, onde o artista,vivido por Oscar Isaac, é obrigado a amargar o fracasso que o persegue. A trajetória de John Malik em “Yesterday”, contudo, toma um rumo diferente.
O filme de Danny Boyle se passa na atualidade. Sim, hoje é o tempo apropriado para curtir “Yesterday”, essa deliciosa experiência que só faz aumentar o fascínio por esses quatro músicos que mudaram a cara do mundo com suas canções.


 Emmy 2019- "Game of Thrones" a grande premiação da noite 

23/09/2109
Na noite de ontem, 22/09, o grande prêmio do Emmy foi para a série dramática da HBO “Game of Thrones”. 

A trama finalizou sua ultima temporada, (a oitava), em grande comemoração. Antes desta noite, Game of Thrones era recordista no prêmio com 47 vitórias. Depois de hoje, segue na liderança como a série mais premiada da história na cerimônia, com 59 Emmys. 

Os criadores da série, D.B. Weiss e David Benioff, subiram ao palco com todo o elenco para agradecer.
Game of Thrones compareceu com 32 indicações, levando 12 prêmios, onde metade foi para as categorias técnicas. A série contribuiu também para que a HBO levasse 34 prêmios na noite.  A Netflix conquistou 27 e a Amazon 15. 

O 71º Emmy Awards aconteceu no Microsoft Theater, na cidade de Los Angeles. A cerimônia que é promovida pela Academia de Televisão dos Estados Unidos é uma das premiações mais esperadas do ano e é tão valorizada quanto o Oscar.  

Outra similaridade que o evento tem com a festa do Oscar são os vestidos exuberantes das celebridades. Confiram alguns looks da festa de ontem.

Crítico de Cinema 
Farid Zaine

FARID ZAINE é crítico de cinema, escrevendo para o jornal Gazeta de Limeira semanalmente, comentando lançamentos de filmes e premiações em diversas emissoras de TV, principalmente na época do Oscar. Ele é professor, autor teatral, cantor e compositor. 

Atualmente, Farid ocupa o cargo de Secretário de Cultura de Limeira, função que exerce pela quarta vez. 
É integrante do grupo AVENA, grupo musical de MPB com o qual já ganhou mais de 200 prêmios em festivais por todo o Brasil, sendo o letrista das composições musicadas por Joaquim Prado. A música “Cavalos”, dos dois, participou da trilha sonora da novela “Bicho do Mato”, da Rede Record. 

Com o Avena, Farid tem 3 discos lançados, além de composições em várias coletâneas. Tem três livros publicados, sendo o mais recente o livro de poemas “Para Não Morrer”, lançado em 2018. Farid criou a Orquestra Sinfônica de Limeira, além de muitos eventos como o Canta Limeira (festival nacional de MPB), o Festival Nacional de Teatro de Limeira, os projetos Verso e Voz, Voz Maior e Voz de Estudante e muitos outros. Ganhou prêmios também como ator . 

Recentemente, escreveu e dirigiu o espetáculo “Via-Sacra,o Musical”, provavelmente a primeira Paixão de Cristo do interior paulista inteiramente cantada. 

O RECADO DE BACURAU
Por José Farid Zaine   farid.cultura@uol.com.br
Twitter:@faridzaineFacebok: Farid Zaine

2019 já é um marco na história do cinema brasileiro: dois filmes conquistaram láureas inéditas no maior festival do mundo, o de Cannes. “Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles venceu o Prêmio do Júri e “A Vida Invisível”, de Karin Aïnouz foi eleito o melhor filme da mostra “Um Certo Olhar” (Un Certain Regard), uma das mais prestigiadas. A importância desses prêmios é enorme, pois recoloca o país diante do mundo através do cinema, com prêmios que dão credibilidade e visibilidade à nossa produção atual. “Bacurau” estava na linha de frente na disputa pela indicação do filme nacional a concorrer ao Oscar 2020. Perdeu para “A Vida Invisível”, que nossa Academia julgou com mais possibilidades. Desde já, fica a torcida.
O prêmio para “Bacurau” merece todas as celebrações. Só para relembrarmos alguns filmes que ganharam essa láurea, podemos citar alguns: “A Malvada”(EUA),de Joseph L.Mankiewicz, de 1951; “O Sétimo Selo”(Suécia), de Ingmar Bergman, de 1956; “Z”(Grécia), de Costa Gavras, de 1969; “Jesus de Montreal”(Canadá), de Dennis Arcand, de 1989; “Cafarnaum”(Líbano), de Nadine Labaki, de 2018, e muitos outros. É uma lista absolutamente honrosa, com o que de melhor se faz no mundo, e onde figura agora o filme brasileiro.
“Bacurau” é diferente de tudo o que fez Kleber Mendonça Filho, diretor dos consagrados “Aquarius” e “O Som ao Redor”, e diferente de toda a produção brasileira contemporânea. Misturando ficção científica, comédia, suspense, terror e um toque de western violento, a história nos conduz a um vilarejo nos confins do interior pernambucano, literalmente suprimido do mapa. Apesar da presença ostensiva da tecnologia, o lugar parece também um pedaço híbrido de passado preservado em rústico museu, que tem muito a dizer, com um presente cheio de drones, discos voadores, tablets. Não é difícil estabelecer a relação com o tempo atual , com nossas mazelas e nosso progresso. 
“Bacurau” nos envolve com sua história eletrizante, que a princípio parece nonsense, mas vai ganhando um significado que oprime e angustia. É sobre isso, na verdade, que fala mais alto o filme de Mendonça Filho e Dornelles: sobre oprimidos e opressores, como se lançasse um alerta estridente a respeito de ameaças que rondam o país e convocasse todo mundo para se preparar e se defender desses opressores, invasores, agressores. É preciso resistir, grita o filme.
Bacurau” é um grande filme não apenas pelo que propõe de reflexões. É belo em sua fotografia, em sua trilha sonora, ótimo em seu roteiro original e criativo, perfeito em seu elenco de grandes nomes como o da brasileira mais internacional que temos, Sônia Braga, e do alemão Udo Kier, misturando atores populares como Silvero Pereira e Karine Tellesa um grupo magnífico garimpado no vilarejo onde ocorreram as filmagens.
Vi “Bacurau” numa sessão de domingo , fim de tarde, em Campinas. A sala estava quase cheia. Ao final, o público aplaudiu, mesmo isso não sendo um hábito nosso em relação a filmes. Uma emoção reveladora da aceitação popular da obra, vinda de uma premiação conseguida no templo do cinema. Que “Bacurau” ganhe o mundo, como filme importante e imprescindível que é, e para que fique carimbado seu claro recado.

Cotação: *****ÓTIMO 


Cúmplices de Tarantino
Por Farid Zaine- farid.cultura@uol.com.br/witter: @faridzaine


Quentin Tarantino pediu, antes da estreia de “Era Uma Vez em...Hollywood” no Festival de Cannes em maio deste ano,que ninguém que assistisse ao filme revelasse aos outros o seu conteúdo. Ele fez o pedido em uma mensagem: “Só peço que as pessoas evitem revelar algo que possa impedir outros espectadores de ter a experiência de ver o filme da mesma forma". Ele tem razão. Pode ser dita muita coisa sobre o seu nono longa, mas é preciso evitar os spoilers. Assistir a “Era Uma Vez em...Hollywood” é uma experiência única para os cinéfilos, principalmente para quem é fã de toda a obra do diretor. No seu filme que chega agora aos cinemas do Brasil, Tarantino escancara seu conhecimento sobre cinema, e escolhe para isso um ano particularmente especial na história dessa arte, revelando a poderosa e apaixonante indústria que é capaz de promover a cultura, disseminar ideias, modificar hábitos. Será didático e muito esclarecedor frequentar seus bastidores .O ano escolhido para o desenvolvimento da ação foi o de 1969, marcado pelo auge da contracultura e da celebração do amor livre. O ápice do comportamento hippie espalhando a filosofia “paz e amor”parecia ter encontrado o paraíso no mais célebre festival de música de todos os tempos Woodstock. Pois exatamente uma semana antes de acontecer o festival , uma tragédia de repercussão mundial foi mudando o rumo dessa história: A mando da chamada “Família Manson”,comandada pelo psicopata Charles Manson, a atriz Sharon Tate ,na época casada com Roman Polanski, foi brutalmente assassinada, no oitavo mês de sua gravidez,junto com outras pessoas que estavam na casa no momento. Choque e incredulidade abalaram Hollywood indelevelmente. A marca desse dia tenebroso ficou na cabeça de Quentin Tarantino desde a infância, e essa história agora está presente nesse seu novo e extraordinário filme. O olhar demolidor de Tarantino capta a decadência de artistas,a fragilidade do sucesso, o lixo e a sujeira que parecem ter sido empurrados para baixo de um tapete na estranha história dos hippies, muito além da poética imagem dos cabelos floridos , das batas coloridas e dos corpos em aparente nudez inocente. Haveria algum pesadelo no meio desse sonho? Vamos ver o que pensa o diretor sobre isso.
Em “Era Uma Vez em ...Hollywood”,o foco da história está na vida do ator Rick Dalton, interpretado por Leonardo DiCaprio, e sua longa relação de amizade e trabalho com seu dublê Cliff Booth (Brad Pitt). Dalton está vivendo o momento de decadência de sua carreira, e o sofrimento pela falta de perspectiva. Ele procura refúgio na bebida. Ele é vizinho da casa de Polanski, e aí está o ponto de cruzamento de sua história com a de Sharon Tate, Charles Manson e os assassinos. Mais não dá pra falar,para respeitar o pedido do diretor.O roteiro, repleto de referências ao cinema e à TV dos anos 1950 e 1960, faz a festa dos apaixonados por cinema. Nem todas, contudo, é possível descobrir de uma vez. Uma edição fabulosa contribui para o apuro do resultado final, em que o elenco inteiro se destaca pelo brilho e competência. DiCaprio está soberbo, e não é cedo para dizer que será indicado ao Oscar de Melhor Ator. Coadjuvante para Pitt também não é uma possibilidade descartada. Vivendo Sharon Tate, a belíssima Margot Robbie impressiona pela proximidade física e pela composição da imagem da atriz morta tão precocemente e de forma absolutamente selvagem.
A estreia de um novo filme de Quentin Tarantino é um acontecimento. Ele é daqueles cineastas cuja marca inconfundível o torna especial e único. Como Almodóvar e Woody Allen, Tarantino têm em suas obras o DNA de sua genialidade. 
É preciso ver “Era Uma Vez em ...Hollywood” para entender o poder do verdadeiro cinema, como obra de arte completa, bela,reveladora de um trabalho sem tréguas para que possa ser entregue da forma mais plena ao público. Rindo, chorando, sofrendo, ficando perplexos, sabemos que Tarantino não nos abandona, e o alívio vem quando nos tornamos seus cúmplices , mais do que meros espectadores de seus filmes.

Cotação: *****ÓTIMO
A Verdade Explosiva de “Chernobyl”
Por Farid Zaine

O maior acidente nuclear da história aconteceu há 33 anos, na então União Soviética, na Usina de Chernobyl. O Partido Comunista tentou, de todas as formas, impedir que a dimensão do desastre chegasse ao resto do mundo. Em 1991 a União Soviética acabou, e em 2006 Gorbachev reconheceu que o fim dela foi provocado pelo acidente em Chernobyl. Isso é possível compreender com riqueza ímpar de detalhes através da série sobre o assunto disponível na íntegra na HBO GO. São 5 episódios magníficos, em que uma extraordinária recriação de época, um roteiro de rara clareza científica sobre um tema muito complexo e um preciosismo técnico impressionante nos entregam a história desse trágico acontecimento que abalou o mundo.
A série “Chernobyl” deveria ser exibida na íntegra em todas as escolas. Difícil citar um filme ou outra série que dissecam com tanto cuidado um episódio realmente acontecido , e não há tanto tempo assim. O acidente nuclear retratado nesta que é até agora, de longe, a melhor série do ano, foi capaz de fazer desmoronar o aparato político da poderosíssima União Soviética, e colocar luz sobre tenebrosas mentiras que tinham o objetivo de esconder a verdade e proteger um Governo - totalmente ciente de sua enorme culpa – de ser condenado por todo o Planeta.
Não é fácil assistir a “Chernobyl” .É uma dura experiência. Mas não é fácil também não passar imediatamente a um outro episódio,quando termina o que você estava vendo. Não há roteiro de ficção científica ou filme de terror que possam se aproximar de uma história tão pesada assim, e rigorosamente real. 
Chernobyl” revive os dias anteriores ao acidente que marcou a humanidade nas últimas décadas, todos os momentos da explosão do núcleo do reator da Usina Nuclear daquela região na Ucrânia e os acontecimentos posteriores, com a tragédia das mortes que foram se sucedendo, primeiro de imediato, depois ao longo dos anos. Chocante ao extremo em seu realismo brutal, “Chernobyl” virou um documento importante para se compreender um dos momentos mais delicados da história recente, quando o mundo se depara com a possibilidade concreta de uma hecatombe resultante do uso da energia nuclear. O que virá nos próximos anos? Como não imaginar que outro acidente assim, em que uma explosão poderá lançar no ar o equivalente a 400 bombas de Hiroshima, ou mais? Quantas gerações sofrerão o prolongado efeito da radiação emanada de eventos dessa natureza? 
Chernobyl”, com sua corajosa clareza, abre os olhos do mundo para uma região dura e cruelmente castigada, e que até hoje é um amontoado de escombros a exibir permanentemente o que a série chama de uma infame face da mentira, mostrando o poder devastador da ganância e a dolorosa impotência humana diante de um erro colossal .
Vejamos “Chernobyl” como uma grande série, com todos os seus excepcionais apuros técnicos, com seu elenco irretocável (Jarred Harris, Stelan Skarsgard e Emily Watson, soberbos), sua direção precisa (Craig Mazin) e sua dramática trilha sonora. Mas, por mais que doa, nunca nos esqueçamos de que estamos diante da verdade, como propõe a obra. A União Soviética tentou esconder essa verdade? Hoje, após a repercussão e o sucesso de “Chernobyl”, a Rússia prepara sua versão para a mesma história. Difícil será achar panos suficientes para cobrir tão explosiva ferida.

Cotação: *****ÓTIMO


“Benzinho” Vence Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2019
Por FARID ZAINE

Entregue na quinta-feira, 15, o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2019 consagrou o longa “Benzinho”, que venceu nas categorias de Melhor Filme de Ficção, Melhor Direção (Gustavo Pizzi), Melhor Atriz (Karine Teles), Melhor Roteiro Original (Pizzi e Teles) e Melhor Atriz Coadjuvante (Adriana Esteves). “O Grande Circo Místico”, de Cacá Diegues, venceu nas categorias técnicas (fotografia,figurino,direção de arte e efeitos visuais),além de melhor roteiro adaptado. Stepan Nercessian foi o melhor ator por “Chacrinha – O Velho Guerreiro” e Matheus Nachtergaele foi o melhor coadjuvante por “O Nome da Morte”.
Sobre o vencedor, meu comentário:
“Irene é uma mãe de família que precisa lidar com a partida prematura de seu filho mais velho, Fernando, que vai tentar a vida como jogador de handebol na Alemanha.” Esta é a sinopse do filme de Gustavo Pizzi, “Benzinho”, produção de 2018 do cinema brasileiro que vem recebendo críticas positivas . O longa foi muito pouco visto nos cinemas, mas está disponível para aluguel na TV paga. É uma boa oportunidade para conferir um trabalho carregado de simplicidade, mas com muita emoção. “Benzinho” , com uma história que é construída pelos elementos comuns do cotidiano das famílias, fala diretamente a um público que se identifica com as situações mostradas, isto é, a maioria . Karine Teles, conhecida como a patroa do filme “Que Horas Ela Volta”, com Regina Casé, é a personagem que movimenta a trama: uma mulher que precisa lidar com toda sorte de problemas que afligem as famílias de classe média: cuidar dos filhos,de sua saúde, educação e segurança, do marido, das finanças da casa. A interpretação de Teles garantiu a ela, com toda justiça, o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Gramado, onde o longa levou outros três Kikitos.
O elenco de “Benzinho” é todo muito bom. Adriana Esteves brilha como a irmã de Irene, e também venceu o Kikito em Gramado, como melhor atriz coadjuvante. Esteves é uma das melhores atrizes de sua geração e é muito conhecida do público por suas atuações em novelas e séries. O papel de Carminha em “Avenida Brasil” alçou o nome da atriz ao posto de uma das mais versáteis e competentes, como ela prova na série dramática “Assédio”. Sua vilã de “Avenida Brasil”, enorme sucesso de João Emanuel Carneiro , levou o autor a colocá-la em outro desafio, o de interpretar Laureta em “Segundo Sol”, novela que antecedeu a atual campeã de audiência, “A Dona do Pedaço”, de Walcyr Carrasco. Com facilidade, ela assumiu a nova personagem sem se deixar contaminar pela marca ainda muito viva de Carminha.
Após a premiação significativa desta semana, vale a pena conferir “Benzinho”, um belo produto do atual cinema brasileiro, que anda assombrado com as declarações dadas pelo Governo a respeito da Ancine. Oremos.

Cotação: ****MUITO BOM


MEU AMIGO ENZO
 Farid Zaine
10/08/2019
Simon Curtis tem no currículo pelo menos dois filmes consideráveis: um baseado em um período da vida de Marilyn Monroe, “Sete Dias com Marilyn”, e outro sobre uma judia sobrevivente da Segunda Guerra, que tenta salvar obras de arte, “A Dama Dourada”, com Helen Mirren. Ambos obtiveram razoável aceitação por parte da crítica. Na quinta-feira estreou seu mais recente longa, o drama “Meu Amigo Enzo”, inspirado no livro “A Arte de Correr na Chuva”, que é também o título original do filme. 
O livro é de autoria de Garth Stein e fez muito sucesso. É daquelas histórias edificantes sobre cães e seus donos, o que já significa ser feito para arrancar lágrimas. É também do tipo de literatura cheia de frases que são pensadas para ser usadas nas diversas situações do cotidiano. As frases estão no filme, aliás o tempo todo. 
Quem é apaixonado por animais, principalmente por cães, e já viu “Marley & Eu”, certamente vai querer ver “Meu Amigo Enzo”, e com certeza fará comparações. O novo longa de Simon Curtis perde na comparação, embora contenha os mesmos elementos indispensáveis a uma boa história de um cão e sua família humana: amor, ciúme, dedicação, tragédia, superação.
 O cão Enzo é o narrador de sua própria história, do dia em que seu dono, Denny, o compra até sua velhice. Ele é fofo, lindo,simpático, e tem um olhar tristonho que cativa e comove. Em flashbacks, Enzo vai narrando a evolução do seu relacionamento com Denny, um piloto de carros de corrida, desde o tempo em que eram apenas os dois, depois com a chegada da namorada, Eve, que se torna esposa, e da filha que logo nasce. É claro que há um ciúme no começo, transformado em amor completo e pura dedicação. Enzo verá e sentirá os efeitos das vitórias e derrotas que rondam a família. 
Milo Ventimiglia, que ficou bem conhecido pela série “This is Us”, interpreta Denny, o “pai” de Enzo. Bonito e com cara de boa gente, ele não precisa se esforçar muito para agradar, mas sua interpretação está sempre na mesma temperatura, isto é, morna. Como Eve, a esposa, Amanda Seyfried dá conta do recado, e sobram para ela os momentos de maior intensidade dramática.
“Meu Amigo Enzo” deve agradar ao público que ama esse tipo de história e que não economiza nas lágrimas. Descontada a exagerada intenção de fazer chorar, que nem sempre resolve, dá pra ver numa boa.

Cotação: **REGULAR 


 Lançamento 
31/07/2019
Descrição: Três grandes amigas que se sentem abandonadas no Dia das Mães viajam até Nova York para surpreender seus filhos adultos.

Data de Lançamento: 01 de Agosto de 2019 na Netlfix.
Categoria: Comédia
Angela Bassett, Patricia Arquette e Felicity Huffman estrelam este filme divertido sobre a vida após a maternidade.

Não recomendado para menores de 14 anos.

Mais detalhes
Gêneros: Filmes baseados em livros, Comédia
Este filme é... Espirituosos, Irreverentes, Alto astral
Xingu, o Grande Premiado no AnimaMundi 2019
30/07/2019
O curta “Xingu, o rio que pulsa em nós” foi premiado no AnimaMundi, o maior festival de animação da América Latina. Mais de 300 filmes de 40 países diferentes fizeram parte 27ª edição mostra, que aconteceu no final de julho no Rio de Janeiro e São Paulo.
A animação venceu a categoria “Portfólio” da mostra, que engloba trabalhos de animação feitos por encomenda, para propaganda, filmes institucionais, videoclipe, entre outros.
Produzida pelo Instituto Socioambiental (ISA) em parceria com a Associação Yudjá Miratu da Volta Grande do Xingu (Aymix) e Universidade Federal do Pará (UFPA), o filme denuncia os impactos da hidrelétrica de Belo Monte no rio e sobre os povos que vivem na Volta Grande do Xingu, no Pará.

VELOZES E FURIOSOS: HOBBS E SHAW

Por Farid Zaine
05/08/2019
“O corpulento policial Luke Hobbs se junta ao fora da lei Deckard Shaw para combater um terrorista geneticamente melhorado que tem força sobre-humana.”
A sinopse acima fala tudo sobre essa estreia. Não há muito mais o que esperar em termos de enredo, roteiro. Com um título desses, que revela que o filme é derivado de uma das franquias mais rentáveis da história do cinema, o público sabe que não é mais um episódio da cinessérie, mas tem certeza de que verá pancadarias e perseguições, os temperos que não podem faltar nesse tipo de aventura. 
Em “Velozes e Furiosos: Hobbs e Shaw”, os fortões que entraram quando a série já era sucesso absoluto, ganham uma história própria. Dwayne Johnson é Hobbs e Jason Statham é Deckard Shaw. Eles são muito apropriados para os papéis dos “iniamigos” , e aqui a dose é cavalar, no sentido das contendas entre os dois. Mais do que as pancadarias que promovem, o interesse maior é pelo duelo de ofensas que trocam, e aí está a parte do roteiro destinada ao humor.
Não ficará decepcionado o público que espera um festival de porradas e perseguições pra lá de malucas. Quem achará possível a fuga de um helicóptero que é atingido por uma corrente que o enlaça, a partir de um veículo pesado em terra? Pois é o que ocorre na mais movimentada sequência, quando os dois machões vão à terra natal de Hobbs, Samoa, para proteger e salvar a irmã de Deckard, ameaçada de morte pelo vilão Brixton, encaixado como uma luva no corpão de Idris Elba. A sequência, por mais absurda que seja, é envolvente e tem um ritmo alucinante. Samoa, no caso , serve de cenário deslumbrante para essa inusitada perseguição. Ninguém liga para o fato de ser surreal. Não falta a essa passagem por Samoa, um previsível reencontro familiar gerador de mais brigas do que afagos: Hobbs retorna à casa materna à procura do irmão, um exímio mecânico, e revê a mãe, clichê total da matriarca gorda, simpática e de sotaque carregado. 
Dwayne Johnson e Jason Statham protagonizam o longa com propriedade. Vanessa Kirby, como Hattie, a irmã de Shaw, tem marcante presença e reforça o talento que a atriz já demonstrou em coisas,digamos, muito mais sérias, como interpretar a Princesa Margaret jovem na magnífica série da Netflix “The Crown”. E há ainda as luxuosas participações especiais de Ryan Reynolds, de Deadpool, e nada mais, nada menos, do que a da grande Helen Mirren.
David Leitch, que dirigiu a extraordinária sequência “ Deadpool 2”, é quem tem o comando agora desse divertimento próprio para férias de inverno. Ele fez toda a diferença no resultado final desse produto derivado de “Velozes e Furiosos”, a franquia, e pelo jeito a coisa vai longe, principalmente pelas cenas extras apresentadas nos créditos finais. Quem gosta já sabe o que vem pela frente.
Cotação: ***BOM


MEMÓRIA DESARMADA
Diretora de Democracia em Vertigem retira digitalmente de foto de militantes mortos armas 'plantadas' pela ditadura e abre discussão sobre alteração de imagens históricas em documentários
POR TIAGO COELHO-Folha do Piaui.

30/07/2019
Dois objetos foram retirados de uma fotografia que aparece aos seis minutos e sete segundos no documentário Democracia em Vertigem, dirigido e narrado por Petra Costa. É uma fotografia em preto e branco onde há dois homens mortos. A imagem permanece quatro segundos na tela. A cineasta identifica um dos mortos: “o mentor dos meus pais: Pedro Pomar.” Petra explica então que seu nome é uma homenagem feita por seus pais a Pedro. No retrato, o jornalista Pedro Ventura Felipe de Araújo Pomar, 63 anos, está de barriga para cima, óculos de grau no rosto, descalço e com o corpo coberto de sangue. Tombado aos pés dele, de bruços, está Ângelo Arroyo, de 48 anos. Ambos foram destacados dirigentes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e atuavam na clandestinidade contra a ditadura militar. Foram executados na manhã do dia 16 de dezembro pelas forças militares-policiais, sob o comando do Segundo Exército, numa casa térrea na rua Pio XI, número 767, no bairro da Lapa, em São Paulo. O episódio ficou conhecido como a Chacina da Lapa. 

Democracia em Vertigem reconta os acontecimentos que levaram ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016. Petra recorre a imagens atuais e de acervos históricos. Na foto da Chacina da Lapa usada no filme, os objetos ausentes são um revólver Taurus, calibre 38, e uma carabina Winchester, calibre 44. As armas constam, porém, em uma fotografia anexada a um dos laudos da morte de Pedro Pomar, datado de 27 de dezembro de 1976 e arquivado no Instituto de Criminalística de São Paulo. É uma fotografia idêntica àquela usada no filme – o mesmo ângulo, o mesmo cenário de sangue, pólvora e corpos tombados. O revólver está do lado direito do corpo de Pomar, e a carabina, embaixo da mão direita de Arroyo. Poderiam ser duas fotografias diferentes? Por que uma tinha armas e a outra não? Procurada pela piauí, Petra Costa esclareceu o que houve.

A foto do filme é a mesma do laudo. Por e-mail, a documentarista confirmou que as armas foram digitalmente retiradas da fotografia usada. Ela explica: “Há uma razão para isso, e eu estava esperando que alguém do público notasse. Como afirmei no documentário, Pedro era o mentor político da minha mãe, e foi amplamente reconhecido que a polícia plantou armas ao redor dos corpos dos ativistas assassinados, como uma desculpa para seus assassinatos brutais”, escreveu Petra.

A diretora continuou: “Há um debate significativo sobre a veracidade das armas nesta cena, com muitos comentários. E até a própria Comissão da Verdade trouxe evidências para as alegações de que a polícia plantou as armas após a morte de Pedro, e por isso optei por remover esse elemento e homenagear a Pedro com uma imagem mais próxima à provável ‘verdade’.”

(Um Trecho da matéria do Tiago Coelho- Repórter e Roteirista da Folha do Piaui -@tiagocoelh no Twitter)
Androides também morrem
Por Farid Zaine
28/07/2019
Atores que se entregam completamente, de forma plena, física e espiritualmente, aos papéis que lhes são conferidos, marcam a história do cinema e do teatro. Na semana passada morreu um desses, o ator holandês Rutger Hauer. Sua performance em “Blade Runner: Caçador de Androides” transformou-se numa da célebre e festejada atuação. 
O diretor Ridley Scott marcou a década de 1980 com uma ficção científica noir , o longa “Blade Runner: Caçador de Androides” (1982), em que a personagem de Harrison Ford, Rick Dechard, é um policial que procura androides fugitivos, chamados “replicantes”, sendo Roy Batty (Rutger Hauer) o líder deles. A imagem dura e fria do androide contrastando com seu “pensamento” filosófico fez história pela soberba interpretação de Hauer. Muitas coisas marcaram “Blade Runner”, do seu visual estonteante de uma Los Angeles decadente (o futuro imaginado em 1982 era exatamente este ano, 2019) às imagens da replicante Rachel (Sean Yong) e Pris , com sua maquiagem exótica e seu louro cabelo espetado (Daryl Hannah). Belíssima e original, a ficção de Scott marca o duelo principal entre Dechard e Batty, e propõe profunda reflexão sobre humanidade e tecnologia, destino, vida, morte. A certa altura, Dechard , envolvido sentimentalmente por Rachel, pensa sobre o tempo que ela teria (replicantes seriam como lâmpadas, com um tempo de vida definido), mas percebe que mesmo os humanos jamais sabem quanto tempo terão de vida. Filosófico e poético, mas o momento icônico ficaria no discurso final de Roy Batty, quando este , após terrível embate com seu caçador, sabe que chegou ao fim. O próprio Hauer, que fez um solo memorável na cena,escreveu parte do texto, que ele modificou sem que ninguém soubesse até no momento de gravar. Ali, numa sequência de extraordinária beleza plástica e intensa dramaticidade, o Androide fala sobre coisas que presenciou em sua história, e finaliza: “Todos esses momentos se perderão no tempo como lágrimas na chuva. Hora de morrer”. Esse texto teria sido acrescentado pelo ator ao roteiro original. Momento único no cinema.
E agora, aos 75 anos, o homem que deu vida ao mais célebre androide do cinema, morre como o ser humano que sempre foi,com uma carreira magnífica cheia de ótimos filmes, mas nada marcante como “Blade Runner”. Bom momento para rever esse já clássico exemplar do que de melhor se fez no cinema em ficção científica, revendo uma obra que ficou inserida na história do cinema como um grande “cult”, muito estudado e muito amado. Vemos nesse longa a melancólica e inevitável constatação da efemeridade da vida, ao mesmo tempo em que mergulhamos nas mesmas questões sem resposta sobe o sentido de tudo. O androide Roy Batty morreu. Seu criador, o ator Rutger Hauer acaba de morrer, justamente no ano em que se passa a história de “Blade Runner”. Premonitório, o discurso de Batty nunca perdeu a validade. Hora de morrer, Rutger Hauer, mesmo perpetuado nas mídias que conservarão, para sempre, suas lágrimas misturadas à chuva.


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    27º Edição do Festival Anima Mundi

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27º Edição do Anima Mundi 

24/07/2019
A 27º edição do festival Anima Mundi, após correr o risco de ser cancelado terminou com 15 mil visitantes no Rio de Janeiro, na semana passada. O número de visitantes caiu pela metade em função do número de dias em que o Anima ficou em exposição. Antes o festival ficava dez dias e agora esse número caiu para cinco.
O ano passado, o evento contou com 40 mil pessoas no Rio de Janeiro e em São Paulo.  

Nesta semana, (de 23/07 a 28/07) o festival está em São Paulo, onde serão exibidos 335 filmes, entre curtas e longas com os mais variados temas e novas técnicas. 
A crise no Anima Mundi ocorreu após o governo federal cancelar o patrocínio da Petrobrás e BNDS para eventos culturais.

Além do Anima Mundi mais 13 eventos, dentre eles os festivais de cinema do Rio de Janeiro e de Brasília também sofreram com essa medida do governo federal. “Pensamos em não fazer”, diz Cesar Coelho, um dos quatro organizadores que ajudou a fundar a mostra de animação em 1993. “Mas já havíamos adquirido empréstimos para começar a tocar a edição.”

A edição do Anima custa entre R$3 milhões e R$ 3,5 milhões por ano. E o patrocínio da Petrobras e do BNDES cobria 80% desse orçamento. A saída foi readequar e fazer alguns cortes em cima da hora, fazendo o orçamento cair para R$ 1,5 milhão. Assim mesmo, precisaram da ajuda de algumas empresas do mercado, como: A TV Globo, Cartoon Network e Canal Brasil e a Mauricio de Sousa.
Outras produções fizeram parcerias importantes, como órgãos estatais da esfera municipal; (SPCine-SP) e a Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro, também prestaram auxílio.

Confira a programação do maior festival da América Latina! Foram 1800 filmes inscritos de mais de 40 países!
O festival acontece em vários lugares de São Paulo, vejam: 
Abertura: ter (23), às 19h30, no Auditório Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº). Quanto: R$ 9 a R$ 18 (grátis no Auditório Ibirapuera e no Instituto Itaú Cultural). 
Programação completa disponível no site animamundi.com.br.


A Emoção Se Renova Em “ O Rei Leão”
Por Farid Zaine
22/07/2019
Espertamente, como sempre, a Disney seguiu a fórmula de produzir no público, aos poucos e por muito tempo, a expectativa em torno de um lançamento de peso. No caso mais do que especial de “O Rei Leão”, a nova versão para a célebre animação de 1994, a promoção também foi extraordinária. Os fãs foram expostos a bombardeios publicitários que geraram inusitada expectativa para a estreia ocorrida no dia 18 de julho de 2019, 25 anos após o histórico lançamento da animação original.
Em 1994 a Disney se reergueu com “O Rei Leão”. O filme logo alcançou astronômicas bilheterias em todo o mundo, e só viu essas cifras se multiplicarem com uma versão em 3D lançada em 1998. O musical da Broadway inspirado no longa fez e faz carreira de enorme sucesso nos palcos de todo o mundo. 
Era inevitável que viesse um “O Rei Leão 2”, talvez uma continuação da história com os mesmos padrões da animação original. A evolução tecnológica no cinema avançou muito nesse quarto de século que separa o primeiro filme deste que estreia agora. O diretor atual, Jon Favreau, teve enorme experiência - e bem-sucedida - no ramo, ao dirigir “Mogli, o Menino Lobo”, usando revolucionárias técnicas de live-action, mas usando também um ator de verdade. Favreau foi convocado para a nova versão de “O Rei Leão”, comandando uma enorme equipe que trabalhou por mais de 3 anos na concepção do longa, aliás com 29 minutos a mais em relação ao original. 
Há muitas perguntas sobre qual é a técnica final empregada para o resultado dessa nova versão. Live-action, embora não haja nenhum humano e nenhum animal real que tenha sido usado para captura de suas expressões? Apenas animação produzida por computador? As duas coisas, segundo o que tem sido noticiado, associadas a conquistas recentes experimentadas por Spielberg em “O Jogador nº 1”. Não importa. O que vale é o produto final, um filme revolucionário do ponto de vista de seu esmero técnico, de sua impressionante recriação do mundo real buscada com obsessão. 
Há muitos “mimimis” sobre a falta de expressão dos animais quando falam e quando cantam, o excesso de realismo roubaria a mágica da animação, mas tudo isso desaparece diante da excelência do novo filme. É preciso, no entanto, conferir as duas versões. A dublada, que tem Ícaro Silva e Iza como Simba e Nala, deixa um pouco a desejar, principalmente quando eles cantam. Melhor ver a versão legendada, quando o casal é interpretado por Donald Glover e Beyoncé. 
“O Rei Leão”, com seu visual deslumbrante, sua trilha sonora já instalada em nossa memória musical, sua história de grandes lances dramáticos e o sopro de leveza dado pelo humor de Pumba e Timão, tende a se tornar um dos maiores sucessos do cinema do ano de 2019. Talvez, quando complete meio século em 2044, as plateias vejam uma nova versão desse clássico, instaladas em imensos cinemas que as coloquem no meio de hologramas que as farão se sentir dentro da própria selva. Não faltarão à época os trintões saudosos da versão de 2019. Ninguém duvide disso.
Cotação: *****ÓTIMO 


Morre Atriz Denise Nickerson de "A Fantástica Fábrica de Chocolate"
11/07/2019
Denise Nickerson; a atriz de Fantástica Fábrica de Chocolate, morreu aos 62 anos. 
Ela interpretou Violet no filme “A Fantástica Fábrica de Chocolate” , 1971.
A atriz que sofreu um derrame em 2018, entrou em coma e permanecia viva com a ajuda de aparelhos.
Em função do seu estado frágil ela acabou contraindo uma pneumonia, deixando o seu quadro ainda mais delicado.    
A família busca doações através do site GoFundMe para seu enterro e para pagamento de dívidas contraídas com o hospital.   

Homem-Aranha: Longe de Casa
Por FARID ZAINE
14/07/2019
O que devemos esperar de um filme sobre um super-herói adolescente? No mínimo que seja interpretado por um ator que pareça adolescente. É o que ocorre, felizmente, em “Homem-Aranha - Longe de Casa”. A simpatia pelo longa vem das primeiras cenas: vemos o jovem Peter Parker encantado com a ideia de curtir duas semanas de férias na Europa. Seu desejo de apenas se divertir e namorar, tão humano, incluía a intenção de nem levar a roupa do herói na viagem, para garantia de não ter que ficar o tempo todo salvando a humanidade. É claro que Tia May frustra essa intenção, como é claro que ele vai ter de trabalhar muito nesses esperados dias de folga.

O charme desse longa é justamente poder torcer mais por Peter Parker do que pelo Homem-Aranha. A sacada da aventura juvenil por cidades sobejamente conhecidas do velho mundo deu muito certo. Parker e seus amigos, incluindo a paquera , a garota Michele , terão de enfrentar os perigos que envolvem as ações de Mysterio , mestre em truques e ilusões, e serão tantos e em lugares tão distintos, que logo o interesse se desloca da trama para a cidade onde ela se desenrola.
 
Hábil , o roteiro nos transporta para Veneza, Londres, Berlim, Praga, e daí resulta um belo passeio por imagens magníficas. Impressionantes cenas de aventura com ritmo alucinante mostram incríveis destruições de paisagens familiares ao mundo todo.
Não falta a “Longe de Casa” a indefectível luta do bem contra o mal, e sobram efeitos visuais de primeira classe que acentuam os poderes ilusionistas de Mysterio.
Tom Holland tem o tipo físico perfeito para Peter Parker. O ator tem 23 anos, mas aparenta bem menos. O mesmo acontece com Zendaya, 22, que dá credibilidade à colega de classe de Peter, Michele “MJ” Jones, por quem Parker se interessa e é correspondido. Zendaya saiu do tipo “adolescente” um pouco tímida e atrapalhada, um pouco corajosa, para se lançar em uma personagem complexa em “Euphoria”, série da HBO que já causa polêmica.
Jake Gyllenhaal , com um currículo invejável de dramas pesados,incluindo o insuperável “O Segredo de Brokeback Mountain”,está na pele de Quentin Beck/Mysterio. Não é a sua praia, mas até que se sai bem. Nick Fury é personagem que cai como uma luva para o tipo de Samuel L. Jackson, e tia May está firme no corpão de Marisa Tomei, mais solta e até assumindo discreta sensualidade e dando bandeira sobre um possível romance com Happy, o grande amigo de Tony Stark.
“Homem-Aranha: Longe de Casa” tem a direção de Jon Watts, que já treinou esse ofício no filme anterior da cinessérie, “Homem-Aranha: De Volta ao Lar”. 
Vamos ver o que vem pela frente na vida divertida e cheia de árduos trabalhos do adolescente Peter Parker. Por enquanto, ele faz a festa da garotada que, de fato, pode curtir férias neste julho de 2019.
Cotação: ****MUITO BOM
Democracia em Vertigem 
Por FARID ZAINE

Quando vi o título do filme de Petra Costa “Democracia em Vertigem”, disponível na Netflix, imediatamente me veio à lembrança o clássico de Hitchcock “Um Corpo que Cai”, cujo título original é justamente “Vertigo”, pois uma das personagens principais, o detetive vivido por James Stewart, tinha “vertigens” quando estava em lugares altos. O filme de Hitchcock já foi eleito o melhor filme de todos os tempos, superando “Cidadão Kane” e outros clássicos amados pela crítica. Nada a ver com o documentário de Petra Costa, mas tudo a ver com o nome “vertigem”. De que se trata essa vertigem da democracia? A diretora leva todo seu filme como se estivesse, ela própria, amedrontada pelas alturas, com medo de um precipício que ela imagina que está à sua frente. 
Petra Costa é filha de Marília Andrade, militante de esquerda, herdeira da construtora Andrade Gutierrez. Segundo a Folha de São Paulo de 3/07/2019, a família de Petra tem ligações antigas com a família do ex-presidente Lula. Não importa, quando tratamos de analisar o documentário como uma obra cinematográfica, pois a diretora não esconde suas origens. Ela relata os acontecimentos no Brasil desde o regime militar e os árduos caminhos percorridos pelo País na busca pela redemocratização. Lula é figura central, desde os tempos em que era o mais famoso líder sindical do Brasil, até suas frustradas candidaturas à Presidência, antes de chegar ao poder, ser reeleito e fazer de Dilma Roussef sua sucessora. 
O documentário “Democracia em Vertigem” é muito bem feito, tecnicamente bem costurado através de um roteiro enxuto e de uma edição exemplar. Não cansa em momento algum, pelo contrário, prende a atenção do começo ao fim, como se o espectador não conhecesse o enredo e o final. Não há um final, na verdade. Na conclusão, ficam as imagens escolhidas pela diretora para que ela apresente o que, na sua concepção, significaria a “vertigem” proposta no título.
Petra Costa concluiu seu documentário antes da polêmica sobre as mensagens supostamente trocadas entre o juiz Sérgio Moro e membros do ministério público na condução da Lava-Jato. Talvez aumentasse muito sua inquietação com essas novidades que alimentam hoje a nossa imprensa.
“Democracia em Vertigem” é um documentário que deve ser visto com total isenção, sem que o olhar se desvie para a esquerda ou para a direita. Será fácil, desta forma, observar que filtro Petra Costa usou em seu olhar, em sua mente e em seu coração, para construir seu filme. O tom monocórdio e melancólico de sua narrativa fornece claras evidências de que filtro é esse usado por ela.
Quando me lembro de “Um Corpo que Cai” ao ver o título do documentário de Petra Costa, vem à minha mente outro clássico do cinema de suspense, o filme francês de Louis Malle “Ascensor para o Cadafalso”. O Brasil merece a democracia duramente conquistada, e que essa “vertigem” não passe de um mero temor, principalmente nesses tempos em que vivemos a perigosa cisão que permaneceu após a eleição presidencial. Ou o caminho, infelizmente, será o cadafalso.
Cotação: ***BOM

 

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